Criaturas

Em março, ministro se dirigiu a outro ministro do STF e, em plena sessão, o diálogo mostrou a quantas andam opinião e sintonia entre eles

06/07/2018 | Tempo de leitura: 3 min

Em março, ministro se dirigiu a outro ministro do STF e, em plena sessão, o diálogo mostrou a quantas andam opinião e sintonia entre eles,  evidência de que se pensam acima dos mortais. E da Constituição. “Você é uma criatura horrível, mistura do mal com o atraso, com pitadas de psicopatia. A vida para V.Excia. é ofender as pessoas. É bílis, ódio, maus sentimentos, mal secreto. Seu temperamento é grosseiro, rude, agressivo. Não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse, que não da Justiça.” São algumas das pérolas extraídas do intenso e desagradável diálogo, registrado e divulgado pela mídia. Constrangedor, mas compreensível. Há criaturas que, do STF ou da vida comum, realmente nos tiram do sério e, se continuam com o pescoço intacto, é porque ainda nos sobra ligeiro laivo de equilíbrio emocional. As “criaturas horríveis, misturas do mal com o atraso, com pitadas de psicopatia” não estão confinadas no STF, infelizmente. Estão disseminadas. Rodeiam-me, rodeiam você e, queira Deus, não a enxergamos ao nos olharmos no espelho, só algumas e esporádicas vezes, que ninguém é perfeito. 
 
Tais criaturas horríveis vivem à espreita do comportamento alheio para criticar, avaliar e julgar, simulacros de deusas e deuses imortais e perfeitos. Apresentam-se puras, intocáveis quando por dentro são pura bílis. Se espremidas, delas jorra fel e muita Inveja, o dito mal secreto, que não se revela para ir mais fundo no outro, feito um câncer. São sedutoras, absoluta e absurdamente invejosas e, embora mostrem-se alegres e prestativas, são sub-reptícias cobras que se aproximam mansamente, maciamente, com barulhinho hipnótico e, de repente, ei-las ferindo para matar. Característica interessante, picam sem alarde, na proporção inversa à profundidade. 
 
O comportamento social dessas criaturas, que apresentam “pitadas de psicopatia” é fantástico. Merece referência. Particularmente acreditava que a psicopatia estava restrita e dizia respeito apenas aos aparentemente maus, com sangue nas ventas e olhos, comportamento agressivo e antissocial, assassinos e amorais. Não. Psicopatas revelam-se, entre manifestações sutis e discretas, pessoas egocêntricas, incapazes de amar, de demonstrar remorso ou arrependimento, de se relacionar com laços afetivos profundos, e com absoluta incapacidade de aprender com a experiência. Por outro lado, sabem elogiar. Quem as escuta sem filtros até imagina que poderia ser admiração o sentimento que expressam ao analisar o próximo, ou a próxima. São capazes de olhar aquele que o cerca com doçura, mas qualquer atitude de bondade ou de aproximação, pode apostar, está escorada na possibilidade de publicamente serem vistos, para reforçar a fama de bondade, carisma, caridade, fraternidade. E para dar o bote. Ah! Algumas vezes mostram-se religiosas e discursam feito mestres budistas na arte de amar o próximo. 
 
O discurso é meu, que não sou tolerante, não sou fácil de lidar, e ainda por cima, livro aberto quanto a meus sentimentos. Não sou boazinha, não quero ser boazinha, não busco notoriedade. Não uso o próximo para me promover, sou absolutamente imperfeita e só meu terapeuta sabe minha luta para me entender, melhorar e me manter numa linha de decência e tolerância para comigo e com o próximo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.