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Onde estava você naquela tarde, quando se anunciou concentração pró Brasil na praça principal da cidade para mostrar ao Supremo Tribunal

13/04/2018 | Tempo de leitura: 3 min

Onde estava você naquela tarde, quando se anunciou concentração pró Brasil na praça principal da cidade para mostrar ao Supremo Tribunal Federal que os brasileiros estavam atentos ao julgamento no dia seguinte do habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula que, se aceito, impediria a prisão daquele condenado de segunda instância, por acaso ex-presidente do Brasil? Houve a concentração, mas esperava-se que fosse muito maior, praça lotada, pois afinal se tratava de questão importante e fundamental. Pouco numerosa, a comunidade local esteve representada. Plêiade variada. Reconheciam-se industriários, industriais, lojistas, comerciários, professores, alunos, donas de casa, profissionais liberais, maçons, alguns políticos locais, que pagamos os salários e benefícios de deputados, senadores, ex-presidentes, juízes, promotores, delegados. Todavia foi decepcionante a ausência de muitos conhecidos e de muitos desconhecidos, sabidamente descontentes com a situação do nosso país. Poderia quase afirmar que não faltou gente, faltaram patriotas.
 
Deveria ser hábito estender a Bandeira Brasileira nas portas das casas em dias de decisões importantes — de jogo de futebol, sim, mas em outros como daquele julgamento — para identificar-nos como descontentes. Teria sido importante nos contabilizarmos. Perdemos a oportunidade de socializar mostra local do grande número de indignados com a situação do país, com a qualidade moral e cívica dos políticos e com a atuação de representantes do Ministério Público. Numa próxima oportunidade, ao ouvir o chamado para mostrar a cara, escancarar o coração para o país e mostrar o tamanho de seu patriotismo, pendure a bandeira na porta ou na janela de sua casa e se dirija ao local de concentração que os organizadores indicaram. O Brasil vai agradecer. 
 
Há mudanças, convenhamos. Em plena época de Copa do Mundo, o brasileiro comum sabe, ou pelo menos reconhece, nomes dos juízes do STF e não sabe dizer fluentemente a escalação do time canarinho. Se há aglomeração humana nos acampamentos improvisados em torno do prédio que abriga o presidiário ex-presidente Lula em Curitiba que não se incomoda em atormentar a vizinhança que não tem nada a ver com a paçoca e até perdeu o direito de ir e vir, há legião de brasileiros que retornaram à rotina de trabalho, deitar tarde e levantar cedo e continuar a produzir, mesmo que descontente com a sentença de prisão de Lula. Ideologia e crenças não impedem o nacionalismo desses brasileiros. Se há gente fantasiada de vermelho que obedece ordens de ofender e atacar o próximo a troco de mortadela, há pessoas que acreditam e não aceitam se vender por bolsas misérias. Essas eu respeito, embora discorde delas. 
 
Não gosto de quem apela, roda a baiana, dá opinião que não foi pedida e se intromete em conversa política de bar, para a qual não foi convidado, meramente porque diverge do que ouviu. Não gosto de quem bebe cachaça na garrafa de água, durante missa em homenagem ao cônjuge falecido. Não gosto de ver padre rezando missa em púlpito que exibe faixa pró-aborto. Não gosto de ver político chamando autoridade de safado. E não gosto de político safado.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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