Razões

Senti-me triste quando o terceiro voto foi anunciado e tive certeza do fim de uma era na tarde daquela quarta-feira, que nem de cinzas era.

26/01/2018 | Tempo de leitura: 2 min

Senti-me triste quando o terceiro voto foi anunciado e tive certeza do fim de uma era na tarde daquela quarta-feira, que nem de cinzas era. Senti-me triste enquanto os fogos de artifício, por puro regozijo dos fogueteiros, espoucavam nas ruas do Brasil inteiro. De muitos dos pontos de vista que justificavam a folia e embora os motivos para alegria sobejassem, não tinha certeza por qual deles eu teria também botado fogo no pavio, para comemorar. 
 
Vejamos. O ex-presidente Lula foi muito além dos limites do bom senso. Alma mais limpa do mundo, praticamente um santo, sim, lavou dinheiro na ocultação de duas propriedades. Sim, ganhou presentes valiosos das empresas que favoreceu. Dessas, recebeu vultosas quantias em dinheiro, fingindo ter dado palestras em lugares que ninguém aponta, para público que ninguém define. Emprestou dinheiro público para construções e obras em países estrangeiros, erguidas sem concorrência. Foi o chefe da quadrilha que quebrou a Petrobrás. Não abre a boca para falar do assassinato do Celso Daniel. Não teve escrúpulo em usar o momento do velório da própria mulher, para fazer comício. Saqueou os fundos de pensão de quase todas as estatais, prejudicando o trabalhador. Apropriou-se de idéias alheias e vitoriosas, como a Bolsa Família e deturpou sua finalidade ao usar o programa para comprar votos. Comprou apoio político e políticos, através do Mensalão e do Petrolão. Apareceu na mídia elogiando os filhos, que sabidamente foram favorecidos financeiramente por empresas milionárias. Nomeou ministros para ministérios que inventou, que por sua vez contrataram aspones que nem sabiam a localização de seus arrebitados narizes, que formaram quadrilhas que ajudaram a esvaziar os cofres públicos. Fez alianças com bandidos internacionais como Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Kadafi — que teria doado 1 milhão de dólares para a campanha de 2002 — e bandidos locais como Renan Calheiros, Fernando Collor, José Sarney, Maluf, Aécio Neves, João Pedro Stédile e Guilherme Boulos. Criou o Bolsa Pescador, subscrito por 3 milhões de falsos pescadores que recebem dinheiro em troca de votos. E tem muito mais. Muito mais, motivos agravados pelo fato de que mente, sem ruborizar, e acredita na própria mentira. Não teria sido por nenhum ou por todos esses motivos.
 
Embora tenha votado nele uma vez, Lula me tirou o orgulho de ser brasileira. Muitas vezes. Por exemplo, toda vez que a imprensa internacional divulgou o estado calamitoso de nossas escolas, universidades, hospitais ou a volta de doenças como dengue, zika, febre amarela. Fico roxa, não sei se de raiva ou de vergonha, ou dos dois, quando manchetes apontam tiroteios e balas perdidas nas ruas das cidades brasileiras. Ou quando a imprensa, sem dó, acusa o Brasil de caloteiro, por não cumprir aluguéis de embaixadas e consulados. São motivos fortes para eu me sentir triste, mas não são todos. Pior mesmo, prova de que ele pouco se importa com o Brasil, foi que ele elegeu a Dilma. Isso é imperdoável.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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