Justiças

Durante a semana alguns acontecimentos foram particularmente estarrecedores. Destaco três. O mais violento, a história do louco que entrou

10/11/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Durante a semana alguns acontecimentos foram particularmente estarrecedores. Destaco três. O mais violento, a história do louco que entrou numa igreja no sudoeste do Texas e matou pelo menos 26 pessoas. O mais vergonhoso, envolvendo Gilmar Mendes, ministro do STF, autoridade do país (Supremo!) que foi ao estádio assistir jogo de futebol do seu time. Ocupava o camarote de honra quando, descoberto por torcedores menos engalanados, foi hostilizado pela torcida do seu próprio time e chamado de ladrão, aos berros. Seu time ganhou, o que talvez tenha desviado a atenção do público e lhe permitiu sair de fininho, incólume fisicamente, espero que profundamente envergonhado, como conviria a um ministro do Supremo, embora se imagine sentadinho muito próximo de Deus. Semana estranha. Não ficou por aí. A senhora ministra dos Direitos Humanos do governo Temer, desembargadora aposentada, meteu os pés pelas mãos quando, irritada por ver aplicado sobre seus dois salários o teto constitucional que limita o ganho do funcionário público em R$ 33.700,00, entrou com pedido de reconsideração alegando que com provimento desse naipe não terá como viver. E que, sim, essa sua situação se assemelha à do trabalho escravo. Ela queria acumular os dois salários, o de desembargadora aposentada, mais o de ministra dos Direitos Humanos, algo em torno de 61 mil. Tadinha dela. 
 
Tais fatos desencadearam lembranças pessoais. Uma conhecida teve dois filhos envolvidos com assaltos a mão armada e tráfico de drogas. Revoltada, irritada, embora decepcionada com eles, ela fazia veemente discurso, no qual afirmava que estavam presos porque a família não tinha dinheiro para subornar a lei ou pagar bons advogados que pudessem mentir pelos rapazes, defendendo-os. “Gente rica não fica presa e faz o que quer”, ela dizia. E tem quem lute por elas, completou. Raquel Dodge, Procuradora Geral da República, nesta mesma semana defendeu a transferência de Sérgio Cabral, o bandido carioca, para penitenciária federal do Rio de Janeiro de segurança máxima, determinação que Gilmar Mendes — olha ele aí de novo, gente! — suspendeu no mês passado, ignorando a determinação de juiz federal, do Rio. “A Lei é para todos”, quer dizer, para todos que tenham dinheiro para se defender. 
 
Você levaria para casa ou conviveria com alguém acusado de roubo? Tráfico de drogas? Ladrão? Assassino? Usuário de drogas? Espancador de mulher? Alguém sabidamente mentiroso? Se você hesita em permitir que algum acusado desses crimes o represente em alguma festa, como é que deixa alguém desse naipe falar por você; aprovar leis por você e seus filhos? Lugar de bandido não é nas Câmaras, Senado, mesas de governador ou da Presidência. Lugar de bandido é na cadeia. E, dependendo do crime, para apodrecer lá. 
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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