Diferenças

Em quarteirão próximo à minha casa, há muito deram início à construção de prédio de muitos andares. O projeto tinha dono, nome

27/10/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Em quarteirão próximo à minha casa, há muito deram início à construção de prédio de muitos andares. O projeto tinha dono, nome, sobrenome e utilidade, o assentamento da pedra fundamental foi bastante barulhento e ali seriam reunidas as secretarias de governo estadual da gestão Covas. Nunca foi terminado. Como dinheiro não nasce em árvore e construções custam caro, o contribuinte está com cara de tacho, porque seu dinheiro foi gasto inutilmente, as secretarias estão espalhadas por aí, muita sugestão foi dada mas nenhuma atitude prática e definitiva foi tomada. Hoje, apenas esqueleto, está ocupado por usuários de drogas, pedintes que atormentam os vizinhos quando batem às suas portas para pedir macarrão às seis e meia da manhã de sábados e domingos além de oferecer perigo a jovens que freqüentam a lanchonete do outro lado da rua. 
 
O bairro onde moro é micado. O projeto urbanístico, segundo o projetista que nos vendeu o terreno, seria de bairro residencial, com construções que valorizariam nosso investimento. Deu o que fazer quando, já morando por lá, tramitou na prefeitura projeto para, numa troca de terrenos, sermos vizinhos de escola de segundo grau cujo funcionamento traria inconvenientes aos moradores que compraram seus terrenos num dito bairro sossegado. A escola não veio, barracões comerciais foram sendo construídos no bairro dito residencial. Outro mico: o terreno destinado a ser praça, que também fica nas imediações. Parte dele foi cedido em comodato para particulares, que plantaram nele posto de gasolina que deveria ficar ali por trinta anos. Os trinta anos acabaram, convivemos anos com esqueleto no local. Movimentações de construção sugerem que o posto será reativado, talvez por mais trinta anos, quem sabe. Os trabalhadores da construção não sabem dar informações e a história e instalação da praça que nunca saiu do papel cont
o outro dia. É bom que se diga, porém, que sua viabilização nunca saiu do papel. Agora, outro mico do bairro, fala-se de demolição de casa nas imediações da minha residência para que seja construído ali prédio de apartamentos no mesmo local. Pesadelo e consequente desconstrução de sonho de muitas famílias que investiram pesado numa casa confortável, em bairro residencial e tranquilo. Não sei a quem recorrer, não sei a quem dirigir perguntas, nem sei se adiantaria. Como cidadã, sou sem direitos e proteção. 
 
Minha filha mora numa cidade do exterior que tem dono e onde as pessoas são ouvidas. Seu bairro, até modesto, é tombado, qualquer modificação externa nas casas deverá ser referendada pela prefeitura e as internas, passar ao menos pelo crivo do governo distrital. Recentemente ela decidiu modificar o banheiro das crianças. Fez o projeto da reforma que, enviado às autoridades, foi devidamente analisado e só então, autorizado. O dinheiro é dela e do marido, mas ambos fazem parte de comunidade e têm obrigações para com ela. Em contrapartida, como cidadãos têm voz.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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