Bizarrices

Tem muita coisa esquisita no ar e já aconteceu muita coisa estranha nesse mundo. Houve e há muita excentricidade por aí e o ser humano

29/09/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Tem muita coisa esquisita no ar e já aconteceu muita coisa estranha nesse mundo. Houve e há muita excentricidade por aí e o ser humano é manancial, fonte incessante de comportamentos singulares.  No começo do século passado mulheres e homens não frequentavam praias com roupas de banho como as conhecemos hoje. Eles usavam espécie de collant que cobriam as pernas; peito parcialmente oculto; braços e torso desnudos; barriga tapada. As mulheres usavam roupas feitas com quilômetros de tecido e saias superpostas. Levou tempo para desnudarem pernas e braços e quase cem anos para invenção dos maiôs inteiros. Hoje, com a metade da quantidade de tecido usado na confecção do laço de enfeite da touca que compunha o visual, produz-se o biquini inteiro. A bizarrice vai além. No final do século XIX, enorme cabana rodeada de cortinas era usada para as mulheres entrarem no mar, protegidas dos fantasiosos olhares masculinos. 
 
Na Grécia antiga usava-se pedra, folhas de árvores, fiapos de lã, sabugos de milho em lugar de papel higiênico. Na Idade Média usava-se penico e os dejetos eram jogados pelas janelas, nas ruas e, na época, o sono humano era bifásico: dormia-se de logo após o pôr-do-sol até à meia noite. Acordava-se, intervalo de duas ou três horas para orações ou vida social, cama novamente, e o resto do sono, até o nascer do sol. Do século XVI até 1930, meninos de 4 a 8 anos usavam vestidos iguais aos das irmãs em situações formais. O filme It Started in Naples, com Sophia Loren e Clark Gable, mostra que também era costume em Nápoles, anos 50. Alexei Nikolaevich, filho do Czar Nicolau II da Rússia, usava saia semelhante à das irmãs, quando pequeno, mas não foi por isso que os bolcheviques o mataram.
 
A sangria, tratamento perverso, curou doenças durante dois mil anos e sua prática varou séculos. Ainda hoje, em mercados de muitas cidades da Turquia, encontram-se sanguessugas vivas indicadas no tratamento de desintoxicação ou de dificuldades circulatórias dos membros. Banhos diários são hábitos recentes na história humana. Isabela I da Espanha orgulhava-se de ter tomado apenas dois na sua vida: ao nascer e quando se casou. No século XIX para preservar a memória dos seres queridos recém falecidos, eles eram fotografados sentados, apoiados em cadeiras ou posicionados em situações do cotidiano. Já foi permitido fumar a bordo de avião. Heroína era base de remédios para a tosse. No tempo em que radiação era fenômeno positivo, em cosméticos e produtos de beleza era comum o uso de rádio e tório.
 
No entanto, na folhinha brasileira e na folhinha do calendário mundial os meses de junho e novembro, continuam ambos com 30 dias. Não se tem notícia do acréscimo de mais um dia nestes meses nem aqui, nem na China. Portanto, recibos de pagamento datados de 31 de junho ou 31 de novembro — qualquer seja o ano do calendário gregoriano —- são falsos e idiossincrasia alguma fere essa lógica.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.