Pilares

Meu contato com pessoas da fé e com a própria fé islâmica é muito recente. Ao ser convidada para duas das cinco cerimônias

01/09/2017 | Tempo de leitura: 3 min

Meu contato com pessoas da fé e com a própria fé islâmica é muito recente. Ao ser convidada para duas das cinco cerimônias de casamento muçulmano de jovens vizinhos de familiares que moram em Londres, pude perceber a seriedade e estrito cumprimento das regras e protocolos da crença. Achei que devia conhecer um pouco mais da religião para talvez, durante o processo de aprendizagem, reforçar antigos conceitos, derrubar preconceitos e reelaborar preceitos.
 
Aprendi que são cinco os pilares que sustentam o Islamismo. Pela ordem, a Shahada, ou confirmação da Fé; Salat, oração que deve ser feita cinco vezes ao longo do dia, todos os dias, com o fiel voltado para Meca; a Caridade — Zakat, que consiste no ato de doar dinheiro aos necessitados; Sawm — o jejum obrigatório e purificador dentro do mês chamado Ramadã; e o quinto pilar, a Peregrinação a Meca — Hajj, que todo fiel, com condições físicas e financeiras, deve fazer pelo menos uma vez na vida.
 
Na Shahada, confirmação da fé, similar ao credo cristão, o muçulmano declara que não há Deus senão Allah, e que Muhammad é seu mensageiro, inscrição que visitantes, por exemplo, da Alhambra na Espanha, devem ter visto grafada em todas as paredes de todas as salas daquela magnífica construção. Salat, as orações: o muçulmano deve realizar cinco orações diárias: ao amanhecer; depois do meio dia; entre o meio dia e o pôr-do-sol; logo após o pôr-do-sol e aproximadamente uma hora após o pôr-do-sol. Algumas regras nessa particular etapa são imprescindíveis. O fiel pode orar em qualquer lugar, desde que seja local limpo; no momento da oração, obrigatoriamente deve estar voltado para Meca e deve ter se preparado através de abluções com água (ou areia se não houver água) e ter, pela ordem, mãos, boca, narinas, rosto, braços até os cotovelos, orelhas, cabeça e os pés até os tornozelos, limpos. As orações devem ser ditas na língua árabe, mesmo que o fiel não domine o idioma. Zakat, a base da purificação e crescimento do fiel, é materializada por uma contribuição financeira obrigatória, é calculada anualmente e atinge cerca de 2,5% dos rendimentos de cada fiel. Pobres não pagam Zakat. Zakat é óbulo. É o dízimo.
 
Durante o nono mês do calendário islâmico, o Ramadã, os muçulmanos abstêm-se de comida, bebida, fumo, relações sexuais e de pensamentos negativos durante o período compreendido entre o amanhecer até o pôr-do-sol. Esse jejum ritual, o Sawn, não é praticado por idosos, doentes, grávidas e crianças. A primeira vez que o muçulmano realiza o jejum, funciona como ritual de entrada da vida adulta, comparável ao B’nai Mitzvá dos judeus. No Ramadã o profeta Maomé teria recebido de Alá os primeiros versos do Alcorão, daí a importância dada ao mês.
 
Ser muçulmano dá trabalho. Talvez por isso a Hajj possa ser considerada uma compensação. A Hajj, ou peregrinação a Meca, deve ser feita durante o mês de Dhu Al-Hija, entre o oitavo e o décimo-terceiro dia. Realizada em outro mês do calendário islâmico é chamada de Umra, considerada um ato positivo, mas não corresponde, nem dispensa o Hajj, viagem obrigatória dentro do protocolo da religião, que deve ser feita pelo menos uma vez na vida.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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