Reformas

O Big Ben ficará calado por quatro anos, foi anunciado em Londres, devido à necessidade de reparos na Clock Tower,

18/08/2017 | Tempo de leitura: 2 min

O Big Ben ficará calado por quatro anos, foi anunciado em Londres, devido à necessidade de reparos na Clock Tower, torre de quatro faces que o acolhe. Dizem, o som das badaladas do famoso relógio poderia prejudicar a audição dos operários envolvidos nas reformas do local. O Big Ben, instalado no conjunto do Palácio de Westminster em 1859, é o sino mais famoso do mundo. O sino, a torre e os prédios do Palácio do Parlamento tornaram-se ícones ingleses e compõem a mais clássica das imagens de Londres. Foi a notícia do dia e os jornais amanheceram berrando contra a decisão. Parlamentares, chefes de departamentos, policiais, cidadãos, todos perguntam e querem respostas. Por que 4 anos? Por que o relógio não pode voltar a funcionar depois do término do horário de trabalho dos operários envolvidos na tarefa de reparos? Por que isso, por que aquilo? Esta semana, com certeza, os questionamentos continuarão, haverá mobilização até da população. Aposto que conseguirão solucionar o imbróglio e todos sairão contentes.
 
O fato me chamou atenção, porque me dei ao luxo de comparar a reação de intolerância do povo inglês diante dessa situação que o impedirá por algum tempo de escutar o Big Ben com a atitude passiva, dolente e apática da maior parte do povo brasileiro frente à situação política do Brasil, tão mais grave. Há duas reformas em andamento no Congresso Nacional, que deveriam dar coceira na cabeça de grande parte da população e o povo brasileiro encara com a mesma indiferença que sente ao ouvir falar da reforma do Big Ben, do lado de lá do Atlântico, as da Previdência e a Política. Necessárias e importantes, certamente provocarão profundas modificações na vida dos brasileiros. No entanto chegam com algumas propostas vergonhosas que, embora criticadas pela imprensa e órgãos de defesa do Brasil, estão em vias de serem aprovadas.
 
A Reforma Política, que parece ser feita apenas para proteger os políticos que estão em ação, se transforma em aberração maior a cada dia, dizem os comentaristas. Uma das pautas trata de doação especial de dinheiro para campanhas políticas cujo título, “Doação Eleitoral Oculta”, mostra bem a que veio. O doador, que pode ser empresário, bandido, apostador, laranja, vai lá, doa a bufunfa que pode ser dinheiro roubado... e seu nome não é revelado. Nas eleições passadas, quando ainda era possível saber a origem da doação, descobriu-se contribuição milionária de pessoas de baixa renda, beneficiárias de bolsas família e outras já falecidas. Esculhambação pura. A “Doação Oculta”, tal como está proposta, se aprovada será a oficialização da malandragem e da safadeza, a institucionalização do desvio de dinheiro de origem duvidosa. 
 
Triste cifra: dos 532 deputados que ora nos representam, apenas 35 foram eleitos com nosso voto direto. Os outros 497 entraram por causa das coligações partidárias e sonham com a permanência do foro privilegiado, que praticamente todos precisam. Há algo de podre no reino tupiniquim.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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