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23 de maio de 1992. Violento atentado mata o juiz anti-máfia Giovanni Falcone, sua esposa Francesca Morvillo e três agentes da escolta,

04/08/2017 | Tempo de leitura: 2 min

23 de maio de 1992. Violento atentado mata o juiz anti-máfia Giovanni Falcone, sua esposa Francesca Morvillo e três agentes da escolta, quando passavam pela auto-estrada Palermo-Trapani. Os carros em que viajavam foram atingidos por enorme explosão de dinamite colocada sob o pavimento da pista, acionada por controle remoto. 19 de julho de 1992. Outro juiz anti-máfia, Paolo Borsellino e mais cinco policiais de sua escolta são também assassinados por explosão. Foram crimes, como milhares de outros igualmente violentos, assinados pela Máfia, organização criminosa siciliana, com tentáculos espalhados na Itália e no mundo todo. 
 
Embora os sicilianos, da ilha paradisíaca, carregada de história e com traços culturais de várias civilizações, detestem a associação com a organização, a despeito da ojeriza, estão, sim, ligados. E comerciantes e industriais constrangidos, principalmente pelo medo de retaliações em caso de desobediência ou descumprimento de ordens. O premiadíssimo filme O Poderoso Chefão mostra o poder da Máfia, suas atividades, a forma como trabalha e o que acontece com quem não honra seu compromisso — criminoso — com ela. Uma curiosidade: Don Corleone, personagem central do filme, nunca existiu, mas Salvatore Totò Riina, o mais conhecido dos mafiosos, chamado “a besta” por sua crueldade e frieza, preso desde 1993 e condenado a dezessete penas de prisão perpétua, nasceu em Corleone, pequena cidade perto de Palermo. 
 
2004. Sete jovens recém saídos da universidade decidiram montar um bar, levantaram as despesas inevitáveis, entre elas o “pizzo” ou “pizzu”, em siciliano, em português bico, ou bicada (de ave), dinheiro que todas as atividades econômicas italianas, até feirantes, devem pagar à máfia para garantir-lhes o funcionamento. (Outra curiosidade: “molhar o bico” tem o mesmo sentido de “fari vagnari u pizzu”, em sicilano.) Nunca abriram o bar, mas nascia importante organização com o objetivo de lutar, sensibilizar e conscientizar a população e empresários a não mais pagar a propina à Máfia. Nascia ali a AddioPizzo, que dava início à cultura de consumo consciente e à desmistificação da crença enraizada pelo medo, da invencibilidade mafiosa. Adesivos com mensagem anti máfia foram colados em postes e muros das cidades com o objetivo de impactar a população. Hoje, muitos dos estabelecimentos comerciais sicilianos — de todas as cidades — já exibem cartazes em suas portas anunciando que não pagam mais o pizzo, sem medo das retaliações e intimidações mafiosas que vão de entupir com cola as fechaduras das portas, a incêndios e ameaças de morte. Na encosta do morro perto do local onde morreu Falcone há uma casinha branca, de onde foi acionado o controle remoto que detonou a dinamite, onde está grafitada a expressão NO MAFIA, movimento que cresce todo dia. No Brasil, falta alguém que lidere movimento anti corrupção e de combate a ela, cujo lema poderia ser escolhido entre NO PT, ou NO PSDB, ou NO PMDB.
 
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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