'Os meninos têm pênis e as meninas têm vagina'


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Cena do filme “Um Tira no Jardim de Infância”
Cena do filme “Um Tira no Jardim de Infância”
O título deste artigo faz menção à celebre frase dita por um aluno da educação infantil no filme “Um Tira no Jardim de Infância”, protagonizado por Arnold Schwarzenegger e lançado na década de 90. A expressão é apenas para ilustrar que a informação, seja ela sobre o que for, hora ou outra, chegará aos seus pequenos. Estar capacitado para esclarecer dúvidas e orientá-los se faz indispensável e tarefa de nós, responsáveis. Mas, ninguém nasceu habilitado em tudo, não é?
 
Falar sobre sexualidade ainda é tabu para muitas famílias. Em diversos lares, a nudez é tida como erótica, sexual... Os esclarecimentos sobre o corpo humano não constam na agenda de diálogo e as palavras pênis e vagina não podem sequer ser mencionadas no ambiente familiar. Com tantos vetos, a informação não alcança muitas crianças como medida preventiva.
 
Bons e maus conceitos são ensinados. Na criação dos filhos levamos muito do que vivenciamos com nossos pais na infância. Aqueles que têm uma vida naturista, por exemplo, tendem a não se importar com a nudez alheia. Ao contrário dos que nunca tiveram qualquer contato do tipo e ainda foram repreendidos ao flagrar um adulto no banho, por exemplo, ou mesmo receberam lapidações para não se despirem na frente dos membros da família.
 
Respeito toda e qualquer forma de educação. Muitas vezes elas são regidas com base em seus preceitos religiosos e sociais. Por aqui, fui criado como “índio” e minha esposa nem tanto. Não temos qualquer restrição para tomarmos banho com os meninos ou trocarmos de roupa na frente deles. Ao contrário da família dela, a minha sempre tratou a nudez com muita naturalidade. É claro que, a partir da metade da infância já buscávamos uma preservação natural do corpo, por timidez, vergonha ou mesmo imposição de limites dos pais.
 
Na era da propagação desenfreada de informação e das canções de “bundinha” no chão, conhecer a informação e transmitir segurança ao responder os questionamentos dos filhos é regra de sobrevivência. Da mesma forma que se livrar dos preconceitos se torna tarefa indispensável diante deste cenário para garantir aos pequenos uma interpretação correta do que veem, ouvem e falam sobre a sexualidade.
 
Sendo assim, ser o portador da boa orientação é a melhor de todas as decisões. Fale com a criança sobre seu corpo, o que pode e não fazer com ele, em casa ou ambientes públicos, ensine-a a se prevenir de possíveis violências sexuais, deixe claro a confiança entre vocês e que ela pode expor todo e qualquer contato que goste ou não de receber de alguém, seja familiar ou estranho. Ao mesmo tempo, para prevenir a violência sexual, explique o que é toque de amor e o que não é.
 
Outro ponto que merece ser evidenciado é que muitos homens e mulheres precisam se livrar de comportamentos machistas, ao propagar que meninos desde muito cedo são forçados a buscar as namoradinhas e mostrar seu órgão genital diante dos familiares para receber elogios. Na contramão, estas pessoas tendem a recriminar qualquer atitude neste sentido que partam das meninas. Pura ignorância!
 
Enquanto uns fomentam a erotização precoce, outros inibem a comunicação em seus lares acerca da sexualidade. Equilíbrio é palavra-chave. Buscar ajuda profissional, se necessário, pesquisar, estudar sobre determinados assuntos e comportamentos e manter uma relação estreita com a escola e os familiares para um diálogo aberto são atitudes que favorecem a melhor condução e entendimento deste fantástico desenvolvimento humano.
Aliás, neste aprendizado de vida não há nada de errado em expressões naturais. Como pais e educadores, é nosso papel ajudá-los a entendê-las e lapidá-las. Os interesses adultos quanto à sexualidade são diferentes dos infantis. Devemos dotar nossos filhos de princípios, porém garantir que se expressem, que falem de seus sentimentos e que saibam, acima de tudo, preservar seu corpo e valorizar sua vida. Permita ser o autor da construção de um ser humano ético e, acima de tudo, feliz.
 
Leandro Nigre é pai, jornalista, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe do jornal O Imparcial, em Presidente Prudente e idealizador do projeto Papai Educa www.papaieduca.com.br. Contato: papaieduca@gmail.com
 
 
 
Dica de leitura
 
A LENDA DE ABELARDO
Recebemos esta obra e achamos incrível! A lenda de Abelardo, nova narrativa de aventura e fantasia de Dionisio Jacob, tem tudo para agradar os pré-adolescentes. A rica ambientação de época, baseada em pesquisa histórica sobre costumes e contexto sociocultural, e o inventivo mundo imaginário, rico em detalhes e coerência interna, combinam-se perfeitamente numa trama que, além de entreter combinando humor, emoções e sagacidade, chama atenção para questões atuais, como preservação ambiental e biodiversidade. As vinhetas em preto e branco são do ilustrador Rogério Coelho e inserem novos elementos na narrativa, contribuindo para o enriquecimento da leitura e instigando a imaginação.
 
FICHA TÉCNICA
A lenda de Abelardo
Autor: Dionisio Jacob
Editora: SM
Páginas: 264
Preço: R$ 42

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