Roubadas

Sabe o que vem a ser roubada? “São aquelas situações em que você se mete, consciente, inconsciente ou voluntariamente

19/05/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Sabe o que vem a ser roubada? “São aquelas situações em que você se mete, consciente, inconsciente ou voluntariamente ou que são resultado inevitável do encadeamento de uma série de acontecimentos.” Aposto que já. Quer ver? Já estreou sapato novo, ligeiramente apertado, em festas de ficar em pé? Já ficou perto de gente que fala cutucando? Já insistiu em sair de casa usando aquelas meias escuras, que têm um fiozinho puxado (um só!), na esperança de que ele não corra? Pois é. Há outras, muitas outras, algumas até que desconheço, que aconteceram com você. Todavia, ainda há lista enorme de roubadas, nas quais já entrei. Vê se alguma delas coincide com as suas.
 
Já foi convidado para jantar e recebeu como sobremesa a exibição dos slides antigos dos filhos dos donos da casa? Já foi a alguma festa interrompida no auge da animação dos convidados, para que assistíssemos todos à estréia artística do filhinho do dono da casa de 7 aninhos, recém-matriculado na escola de música para aprender violino? Já fez programa com casais que você sabe que têm como rotina se desentender e partir para a briga pública? Já aceitou convite para assistir ao filme das Bodas de Prata de alguém que você recém conheceu? Já se sentou perto de um dos cônjuges, protagonistas da mais recente separação litigiosa e começou inocente e candidamente a conversar usando a expressão “E aí?”. Não contente, já deu espaço para o cônjuge perguntar sua opinião, coisa que você prontamente fez?
 
Essa só para mulheres: já usou biquíni na excursão ecológica de sobe pedra, escala morro, escorrega na cachoeira, pisa no barro, equilibra sobre troncos no meio do rio, cai na corredeira, desce pirambeira? Já aceitou convite, honroso, para ser padrinho ou madrinha de algum bebê, sem se lembrar que a competentização para o cargo, exige sua presença em curso de muitas horas? A cinco passos da porta do banco que já vai fechar, encontrou aquele conhecido hipocondríaco e, na pressa, deu-lhe um cordial tapinha nas costas e o cumprimentou com um gentil “Tudo bem?”, já? Num domingo, manhã cedinho, você, ainda de pijama, totalmente descomposta, sem ao menos escovar os dentes ou dar a passadinha matinal no banheiro, ouviu tocar a campainha de sua casa e caiu na besteira de abrir a porta, atendendo ao pedido de “posso falar com você um pouquinho?”, feito por uma voz gentil e delicada? Pois é. Gostaria de saber outras, aquelas nas quais você já caiu.
 
Releitura de texto publicado em 12 de abril de 1997
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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