Parábolas

Os avós tiveram papel importante na minha formação intelectual, emocional e afetiva. E foi quase sempre sentada no chão, cabeça apoiada

17/02/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Os avós tiveram papel importante na minha formação intelectual, emocional e afetiva. E foi quase sempre sentada no chão, cabeça apoiada nos joelhos de minha avó materna enquanto ela fazia e desmanchava trancinhas no meu cabelo, que ouvi parábolas, naquele momento historinhas, mais tarde, já com significado, redimensionadas. Ela afirmava que “pessoas inteligentes falam de idéias; pessoas comuns falam de coisas; pessoas mesquinhas falam das pessoas”. Contou-me parábolas que futuramente balizariam minhas atitudes frente a diferentes pessoas do meu relacionamento. Talvez tenha sido o tom de voz; quem sabe a magia dos momentos; quiçá o peso da verdade daquilo que ouvi — a verdade é que nunca mais esqueci as lições que ainda hoje limitam e freiam quaisquer intenções ou impulsos que eu tenha de fazer comentários desabonadores, avaliações ou julgamentos sobre o que ou quem quer que seja. Inesquecíveis. 
 
Alguém se aproximou de Sócrates e disse querer contar-lhe algo a respeito de pessoa em comum. O filósofo perguntou-lhe se passara antes aquela informação pelas Três Peneiras, para filtrar aquela informação, antes de divulgá-la. Primeiro, pela Peneira da Verdade: “É certeza?”. Analisá-la, em seguida, pela Peneira da Bondade: “É algo bom, que ajudará alguém?”. Por fim, coá-la na Peneira da Necessidade: “A informação vai ajudar alguém?” “Então, concluiu o filósofo, se o que queres me contar não é verdadeiro, bom e necessário... guarde-o apenas para ti.”
 
E ainda tem a adorável fábula da Raposa e as Uvas, metáfora para a Inveja, sentimento considerado Pecado Capital, de tão nefasto. Quando a raposa de Esopo viu que o apetitoso cacho de uvas estava completamente fora de seu alcance, desprezou-as e se foi, afirmando que estavam verdes.
 
Pessoas que fazem julgamentos morais precipitados, revelam dificuldade na convivência com os outros são invejosas, têm personalidade pequena, doente e mesquinha. É o que Vovó dizia. Avós e avôs de antigamente contavam histórias; davam colo; arquivos vivos, passavam para as novas gerações o conhecimento de seus ancestrais; ensinavam coisas importantes como canções, truques para fazer cair verrugas, amadurecer frutas; davam as primeiras lições sobre corte e costura, culinária e contavam parábolas.
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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