Mary

Foram muitos e inesquecíveis os professores que deram norte à minha geração. Evidência da importância social que tiveram, a maioria

20/01/2017 | Tempo de leitura: 2 min

Foram muitos e inesquecíveis os professores que deram norte à minha geração. Evidência da importância social que tiveram, a maioria deles denomina importantes escolas e logradouros da cidade.

Naquela época – também chamada Anos Dourados – havia poucas escolas na cidade que acolhiam alunos nativos, alguns da região e outros, de bem longe, até. Brilhava, acima de todas, o Instituto de Educação Torquato Caleiro, escola pública, com elenco estrelado de professores de nomes respeitáveis e consagrados por sua competência como os de Alfredo Palermo, Valeriano Gomes do Nascimento, Lúcia Ceraso, Antonieta Barini, Pedro e Branca Nunes Rocha, Assuero Q. Neves, Pedro Morila Fuentes, Maria Inês Vilhena, para citar apenas alguns. A constelação, um dia, ganhou nova estrela, recém-formada e efetivada no cargo, nativa de Franca, formada em São Paulo. Era ainda solteira época por essa época, casou-se no exercício do cargo, razão pela qual ainda é referida, nas conversas de ex-alunos - que são muitos - por seu nome de solteira, mesmo que o tempo tenha passado. E bastante.

Metódica, séria, compenetrada, ela preparava e dava suas aulas de Filosofia ou Filosofia da Educação usando fichas que transcrevia na lousa, copiadas nos cadernos por nós, já que não dispúnhamos de Ipads, Ipods ou similares e livros custavam o olho da cara. Quase da idade dos alunos, mantinha a disciplina da classe por inúmeras razões. Porque naquela época respeito ao professor era obrigatório. Porque havia hierarquia. Porque pagávamos preço alto pela indisciplina. Porque professor era professor e pronto. Porque ela não brincava em serviço. Porque ela se impunha. Muitas outras razões. Razões de sobra.

Questionava-a durante as aulas de Filosofia, ela gentilmente contra-argumentava, sem se furtar à discussão. Sugeria títulos para leituras e, caridosa, jamais riu na minha cara da minha arrogância ou ao fazer manifestação pública da minha prepotência. Lição inesquecível, mostrou-me a diferença entre Forma e Essência - “o gato é gato não porque tem forma de gato, mas porque tem ‘gatalidade’ “. Foi quando aprendi a desprezar a aparência e buscar o tesouro escondido nas pessoas e coisas, a partir dali, meta e desafio.

Mary Spessotto, ex-professora de Filosofia do IETC, fez aniversário essa semana. Lembrei-me dela com carinho de ex-aluna e eterna admiradora. Maria Luiza Spessotto, filha de Pedro e Maria Spessotto, parentes próximos de meu pai, aniversariou esta semana. Lembrei-me deles com respeito e saudade. Mary, minha amiga, completou mais um ano de vida. Meu abraço e beijo de parabéns!

Lúcia Helena Maníglia Brigagão
Jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br

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