A vida faz curvas, não se desenvolve em linha reta. Compararam-na a uma roda gigante, cujo movimento ora coloca o pretendente ao divertimento lá no alto, ora o traz ao chão. Prefiro pensar que seja espiral cheia de curvas, altos e baixos com ascendências e descendências irregulares ora íngremes, ora suaves; dinâmica na sua velocidade e que gira vertiginosamente em torno de um eixo, rumo ao objetivo determinado pelo indivíduo. A dinâmica da vida é louca, imprevisível, intrincada, complexa e surpreendente.
Comecei a trabalhar cedo. Prestes a sair da adolescência descobri que poderia ajudar crianças com eventuais dificuldades escolares. Reforçava e esclarecia nas limitações intelectuais encontradas por elas nos estabelecimentos oficiais que frequentavam. Nem votava, já era professora particular. Mais algum tempo, formei-me professora oficialmente, e parti para a atividade, exercida durante muitos anos em diferentes épocas, escolas, turmas e alunos. Gloriosa prática, que nunca fiz questão de tornar permanente através de concurso. Hoje sei que o desejo de informalidade, traço de personalidade, é visível resultado da minha dificuldade em participar de disputas, concorrências, ou competições de quaisquer natureza.
Convivo com muitos dos alunos até hoje. Alguns reconheço e sou capaz de lembrar senão do rosto, de seus nomes. Muitos desapareceram da minha vida; não poucos, digo com orgulho, fazem questão de se identificar quando nos encontramos. E há aqueles, como meu irmão caçula, que permaneceram no meu cotidiano e acompanho nas suas diferentes trajetórias. Entre eles, Leila Junqueira; dois Raul, o Garcia e o Haber; Fernando Luz e Fabiana Ribeiro; a Vera Jacintho, e Gilson de Souza, recém eleito prefeito de Franca. Sou grata a eles individualmente por diferentes razões e a todos coletivamente, porque me ensinaram quase tudo que sei na vida como escolher bem solos e sementes para plantar a fim de colher, mais adiante, os frutos do meu trabalho; que nada se constrói da noite para o dia; que o êxito na execução de qualquer tarefa depende de humildade, paciência, tolerância, dedicação, preparo e muita atenção. Aproveito a oportunidade para, na figura do Gilson de Souza, devolver a todos que foram meus alunos, esses ensinamentos, parte do conhecimento adquirido com eles. Que façam bom uso!
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
jornalista, escritora, professora
luciahelena@comerciodafranca.com.br
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