Começou o assédio eleitoral. Patrão não pode elogiar funcionária por medo de acusação de assédio moral; por que cargas d’água candidatos a cargos eletivos podem cercar pessoas nas ruas para conversar fiado; citar amizade e afinidade profundas por familiares; jogar charme em cima dos eleitores; abduzir? Ou para gentilmente perguntar dos pais, filhos, netos e no fim, pedir votos? Por que lhes é permitido entrar pelas redes sociais, no canto alheio – o nosso - para afirmar contar com “seu apoio e de sua família” nas próximas eleições? Por que fingem nos reconhecer, quando nem sabem direito nosso nome? Por que mentem para garantir nosso voto e apoio alegando antiga paixão pela política, mas somente agora assumida? São tantas e sempre ridículas as alegações para esmolar votos que nós, os eleitores já estamos à beira de sair no grito com os candidatos, mormente os da próxima eleição para a vereança da cidade.
Caso nos interesse, podemos buscar informações, principalmente na internet, sobre os candidatos. Há vários, mas o melhor dos sites é o do Tribunal Superior Eleitoral. Ali estão informações sobre todos os pretendentes a cargos eleitorais. Além da lista completa dos nomes, está explicitada a situação de cada candidatura e ainda há informações básicas sobre cada um dos concorrentes que disputam seu voto. O final do procedimento se dá com a ficha que vai mostrar dados básicos como nome completo, grau de instrução, ocupação de cada candidato e, de lambuja, informações como a lista de bens do candidato. Até participação em pleitos anteriores, se houve, claro. Pura curiosidade selecionei, sem critério ou julgamento, alguns nomes de candidatos de Franca. Entrei no site. Surpresas: pouquíssimos possuem diploma de curso médio completo; a maioria não tem experiência alguma, jamais foi líder de qualquer movimento, ou sequer, presidente de grêmio escolar. Desalentador.
As propostas de atuação aos pretendentes a vereador, conforme eles declaram nas propagandas e santinhos são estranhas. No mínimo estranhas. Vereador é eleito para cuidar do bem e dos negócios do povo, em relação à administração pública. Ele dita leis necessárias para esse fim, mas não tem, absolutamente, qualquer poder de execução administrativa. Ele não pode prometer o que quer que seja - pois não tem poderes para cumprir e/ou realizar obras, resolver problemas de saúde, da educação, do esporte, da cultura, do lazer, do asfalto, do meio ambiente, do trânsito, dos loteamentos e das casas populares. Pago para ver a maioria dos candidatos discorrer sobre as funções precípuas da vereança como legislação, fiscalização, assessoramento ao Executivo, apreciação e julgamento das contas públicas dos administradores. Não havendo tempo, que tal buscar respostas simples para perguntas idem como essa: as atuais vocações políticas resistiram, caso o exercício do mandato não fosse mais remunerado ou o gosto do poder, mesmo o exercício de cargos simples como vereador, já vale o sacrifício?
Sejamos justos, do lado do eleitor a coisa não anda nos conformes, também. À pergunta em quem você votou para vereador nas últimas eleições, aposto que poucas pessoas responderiam sem titubear. Evitarei, para não causar constrangimento, ampliar a pergunta para outros cargos como deputado federal e estadual, senador ou governador. Para presidente, então, quem se lembra de ter votado nela e no vice dela? Melhor esquecer.
Está em minhas mãos, está em suas mãos a mudança social e política que pretendemos a partir da escolha criteriosa dos futuros representantes, depositários de nossa confiança e nossa voz. Não se comprometa com quem quer que seja porque é seu amigo, sua amiga, porque é bonzinho, porque é boazinha, porque pediu seu voto, porque disse que conta com seu apoio. Vote com consciência, valorize seu voto. Escolha bem, para não se envergonhar mais adiante. Seu voto é muito valioso. E não tem preço.
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
jornalista, escritora, professora - luciahelena@comerciodafranca.com.br
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