13 de março

Contato com amigas assalariadas ajudou a dimensionar tristes perspectivas para o Brasil. Elas têm filhos; os filhos dão trabalhos parecidos

11/03/2016 | Tempo de leitura: 3 min

Contato com amigas assalariadas ajudou a dimensionar tristes perspectivas para o Brasil. Elas têm filhos; os filhos dão trabalhos parecidos com os filhos de todas as mães;  sonham com dias melhores para suas famílias. Reclamam de dificuldades como comprar carne, verduras e leite para pôr à mesa; do preço dos remédios; do péssimo atendimento médico oferecido pelo governo. Têm consciência de que pagam impostos, senão através dos salários, principalmente aqueles embutidos nos produtos que adquirem em supermercados e lojas. Assustaram quando expliquei que o Brasil é um dos países que mais impostos cobram do povo. Diante do susto, omiti informação importante. Ficariam estarrecidas se soubessem que a arrecadação tributária em 2015 chegou aos R$ 800 bilhões! Deixei para mostrar outra hora como os governos decentes cobram impostos, mas devolvem ao povo serviços públicos de qualidade tanto no ensino, como atendimento de saúde pública, segurança, saneamento básico, entre outros serviços. E elas pensavam que educação é gratuita, que as bolsas que o governo dá são pagas pela presidente e pelo ex-presidente. Tadinhas.
 
Perguntam então para onde vai o dinheiro que o governo nos tira?  Acho que não acreditaram, talvez até julguem impossível, mas expliquei que políticos custam muito caro pois precisam de carros, assessores, viagens, telefones, cartas, viagens dentro e fora do país, verbas para representações, etc. (Muitos outros etc.) A maioria dos políticos enriquece enquanto exercem cargos públicos, mostrei. E os amigos dos políticos, principalmente aqueles dos altos cargos, enriquecem junto. Quem faz as leis que devemos respeitar, perguntam. Respondo que são os políticos, e elas se espantam. Acho que concluíram que sim, eles legislam em causa própria. Não sabem o índice, mas sentem a alta do custo de vida. Perguntam de figuras públicas que vêem na televisão: o que têm a ver com a situação do país? Assustam-se com as respostas. Importante dizer que não elegeram Dilma. E votaram no Lula em 2002, como eu mesma lamentavelmente fiz. (Tive recentemente a terrível sensação de ser responsável pelo aparecimento de jararacas.) Uma delas conta que viu na televisão reportagem sobre bandido que matou rapaz que entrara numa loja, justo no momento em que ele assaltava o caixa. Câmeras registraram com nitidez o rosto do bandido. Estava indignada: o bandido procurou a delegacia acompanhado de advogado,  entregou-se, confessou o crime, pagou fiança e foi embora. Vai aguardar em casa o julgamento. Sabe-se lá quando, será chamado. Quis saber: quem faz as leis? Tudo começa com vereadores, deputados, senadores, responsáveis pela elaboração das regras, normas jurídicas ou leis que regem o comportamento do povo e a atuação do governo. Processo longo, que passa por análises das proposituras, pela possibilidade de veto e que termina com sanção ou do prefeito, ou do governador ou do presidente da República. No  cotidiano não nos lembramos nem da responsabilidade dos políticos com as leis, quanto mais das cláusulas pétreas, aquelas que não podem ser abolidas sem mais nem menos, porque princípios fundamentais do Estado brasileiro:  a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais. 
 
O atual governo está brincando de ditadura conosco. A Lei Brasileira tem sido tratada com desprezo e escárnio por políticos que se julgam não apenas superiores a ela, mas acima dos demais. Há indícios fortes de mentiras, roubos, fraudes e ilicitudes, além de evidência de conduta indevida e de incitação à violência.  Nossos direitos, nossas garantias individuais, como direito à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade estão correndo sério risco.  Tamanha indignação, veio delas o convite para irmos juntas mostrar em praça pública, que estamos atentas aos desmandos do governo e de olho na atuação dos políticos brasileiros, neste 13 de março.
 
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão 
jornalista, escritora, professora – luciahelena@comerciodafranca.com.br  
 
 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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