Feliz Ano Novo!

Nasci no século passado, cresci ouvindo que um mil passaria e dois mil jamais chegaria. Hoje, diante das catástrofes climáticas, do crescente

01/01/2016 | Tempo de leitura: 3 min

Nasci no século passado, cresci ouvindo que um mil passaria e dois mil jamais chegaria. Hoje, diante das catástrofes climáticas, do crescente sentimento de ódio da raça humana, da nebulosidade e sujeiras do Congresso Nacional brasileiro não sei se considero que estou vivendo de lambuja ou se o mundo acabou mesmo e eu não me dei conta. 
 
Todavia, não é de hoje que me prometem e me alertam sobre certo Apocalipse que marcaria o advento de novos tempos que, afirmava-se, depois de tormentas e tempestades e verdadeira separação de joio do trigo, seriamos mais felizes e mais claros. O sr. César, motorista que prestava serviços para a família, além de prometer e alertar, advertiu-me: cuide-se! No último dia do milênio que findou, depois que as hordas de anjos vierem separando os homens, a humanidade será dividida entre bons e maus. Os bons ele e os membros da sua igreja — seriam todos salvos; os maus, o resto profano da raça humana se danaria. Pobre dele, achava que eu não merecia estar nesta específica horda e eu, pensando bem, não sei bem em que categoria me encaixo, pelos pecados e maus procedimentos: já votei no PT, por exemplo. A meu favor, não tenho conta na Suíça, nem a receita federal me pede explicações sobre enriquecimento surpreendente da minha família. Outras condutas favoráveis: jamais perguntei a quem quer que fosse, em qualquer situação, algo como “você sabe com quem está falando?”. Não furo filas, não exijo ser atendida na frente de todo mundo, devolvo o que me emprestam. Embora não seja santa, definitivamente não mereço o Inferno.
 
Sendo assim, depois de tantos e tais medo, embora e posto que o fim do mundo não aconteceu até agora, na hora de mudar o ano, todo ano, me flagro cheia de expectativas. Será que é desta vez?, penso baixinho. Bobagem, sei que é bobagem. O que determina a fim e a mudança de ano nada mais é que o momento do encerramento da longa volta que a Terra deu em torno do Sol, que produziu as quatro Estações do ano e que durou 365 dias. Para garantir que o próximo seja um grande ano, não adiantará pular sete ondas à meia noite; varrer a casa de trás para a frente e de dentro para fora antes que o Sol se ponha; no jantar comer lentilhas, guardar sementes de romã na carteira para garantir dinheiro, como não vai resolver usar branco ou preto no vestuário. Não será preciso ameaçar, nem esconjurar, muito menos rogar praga. Para garantir que os próximos, a começar do imediatamente sucessor, sejam grandes anos, seria fundamental adotar algumas atitudes, que bem poderiam ser chamadas Virtudes. Individualmente funcionam, mas é inimaginável dimensionar o benefício comum, se acolhidas coletivamente, e de coração. 
 
Se não posso exigir que sejam adotadas, permito-me pensar num mundo em que Alegria, Amabilidade, Auto-confiança, Compaixão, Companheirismo, Confiança, Cortesia Delicadeza, Determinação, Discernimento, Empatia, Entusiasmo, Firmeza, Gratidão, Honradez, Justiça, Lealdade, Moderação, Paciência, Perdão, Perseverança, Respeito e Tolerância fossem respeitados e, senão bases, pelo menos sustentação das relações entre homens de boa vontade. Um mundo cheio de Paz, quem não quer? Relações baseadas na Verdade, não seria bom? Supressão de qualquer traço de Inveja na convivência das pessoas, que tal? 
 
Zeus encarregou Pandora, a primeira mulher, de trazer do Olimpo a caixa que conteria todos os males do mundo. Advertiram-na sobre não abri-la. Curiosa, contrariou a determinação, e Tristeza, Angústia, Arrependimento, Doença, Velhice, entre tantos outros males próprios dos mortais, se instalaram e espalharam. Desesperada, fechou a caixa, onde apenas restara a Esperança. Ao fechar 2015, que a Esperança tome o meu e o seu coração e nos acompanhe todos os dias do novo ano. Feliz Ano Novo! Boa sorte! 
 
 
Lúcia Helena Maníglia Brigagão
jornalista, escritora, professora - luciahelena@comerciodafranca.com.br
 
 

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