‘Luta, suor e renúncia’: rapper Preto Cria comemora 20 anos de carreira


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Preto Cria comemora seus mais de 20 anos de carreira com Baú Preto Cria, CD que une resgate da fase inicial de sua trajetória a lançamentos
Preto Cria comemora seus mais de 20 anos de carreira com Baú Preto Cria, CD que une resgate da fase inicial de sua trajetória a lançamentos
Você pode não conhecer Luciano Tarcísio Ferreira, mas se interessa pelo universo do hip hop da região, certamente já ouviu falar do Preto Cria. O rapper passou 22 dos seus 39 anos na estrada e agora lança o Baú Preto Cria, coletânea com 80 faixas que resgatam sua trajetória e apresenta músicas inéditas. “Esse disco é feito de muita luta, suor e renúncia. Fruto de várias festas, rolês e coisas que deixei de comprar para investir no meu sonho”, disse o músico.
 
Preto Cria começou sua história com o rap aos 17 anos, quando ainda grafitava muros pela cidade. Assim como atualmente, em 1992 os movimentos do grafite e do hip hop se cruzavam e o encontro entre “Cria” e “Preto” tornou-se inevitável. “Naquela época, eu já assinava Cria, um codinome que inventei, nos meus grafites. Depois, me envolvi com a cultura do rap e isso me levou à cultura negra. Porque não dá para desassociar o movimento hip hop da história de luta do negro. Em homenagem a tudo o que o próprio negro fez por sua emancipação, resolvi acrescentar ‘Preto’ a meu codinome: Preto Cria”.
 
A partir daí, passou a buscar apoio em rappers que despontavam no cenário regional da época, como MC Kaos, e a se inspirar em trabalhos como os de Chris Cross, Racionais MC’s e Public Enemy. Em 1993, escreveu sua primeira letra, Negros Ativos, produzindo desde então cerca de cem músicas. Nelas, o rapper recria uma realidade universal - que se aplica em qualquer lugar - baseada no contexto francano. Esse é o caso, por exemplo, de Mulekote Clik-Clék, que abre a sequência de seu Baú.
 
“A música surgiu porque, há algum tempo, vi na TV uma matéria falando que Franca possuía um dos maiores índices de reincidência de menores na Fundação Casa”, disse ele. “Então, nessa letra, faço uma discussão entre um rapper consciente, um pai e cidadão preocupado e o molecote, que quer o errado. Só que nesta história, ao invés de matar o personagem, faço uma oração para ele”. O videoclipe da canção encontra-se na fase de pré-produção.
 
Discografia 
Em 2001 Preto Cria lançou o CD Uma Força a favor do povo. O trabalho é fruto de sua parceria com Visão Consciente, grupo ao qual pertenceu por 12 anos, até 2007. Entre 2002 e 2004, entraram no mercado as coletâneas Teoria Perfeita; À Prova de força; Voz da Periferia e Discovery para o Brasil. Em 2009 veio o DVD duplo do Festival de Rap. 
 
Ainda no mesmo ano, Preto Cria lançou seu primeiro trabalho solo: Rabiscos negros num espaço em branco; ebook com músicas, entrevistas e pensamentos do rapper. Em 2012 houve mais um trabalho em conjunto. Trata-se do Hip Hop Cod. 016, coletânea de videoclipes de rappers francanos.
 
Para comemorar seus anos de estrada resgatando todos esses trabalhos e lançando novidades, Luciano produziu o Baú Preto Cria. A venda é feita através de sua página no Facebook e pelo WhatsApp (9 9167-2674). “Eu mesmo levo os CDs, autografados, às casas das pessoas. É uma ideia diferenciada de se envolver com seu próprio trabalho”.

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