Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
_ Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
( Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
_Eh, carvoero!
Só mesmo essas crianças raquíticas
Vão bem com esses burrinhos descadeirados,
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
_Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo um pão encarvoado,
Encarapitados nas animálias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como fantasmas desamparados.
Manuel Bandeira
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