Família conformada: ‘Era a hora dele’


| Tempo de leitura: 2 min
A filha de Joaquim, Estefânia, observa a capa do Comércio de ontem, ao lado do marido, Vagner (dir.): ‘Era a hora dele e não há culpados’
A filha de Joaquim, Estefânia, observa a capa do Comércio de ontem, ao lado do marido, Vagner (dir.): ‘Era a hora dele e não há culpados’
Tristeza, dor e saudade, sim. Revolta, não. Durante os funerais e após o enterro do sorveteiro José Joaquim da Silva, a família mostrou resignação com os acontecimentos da noite de quarta-feira, no Lanchão, onde “Bahia”, como era conhecido o aposentado de 63 anos, morreu subitamente em decorrência a um infarto durante a partida Francana x Matonense. Diante de tanta resignação, os filhos já afirmaram que não processarão ninguém, seja a Francana, a Prefeitura de Franca, proprietária do Lanchão, a empresa de segurança ou a FPF (Federação Paulista de Futebol). “Não adianta processarmos ninguém porque foi uma fatalidade. A hora dele chegou”, disse Estefânia da Silva Vaz, 32, a primogênita de cinco filhos do aposentado, que tem ainda Expedito, 30; Hilda, 26; Andréia, 23; e José Augusto, 21. Joaquim cumprira mais um dia de trabalho vendendo picolés pela cidade. À tarde, voltou para a fábrica de sorvetes, no fundo de uma casa na Avenida Alagoas, deixou o carrinho e saiu. “Ele me falou que veria a Francana no Lanchão”, disse Jair Soares, dono da sorveteria. Foi a última vez que iria à diversão predileta. “Ele era maluco pela Francana, chegava até a chorar”, afirmou Hilda, a terceira filha do aposentado, ontem à tarde, ao editor Vinicius Araujo. O aposentado era baiano, mas morou muitos anos em São Paulo. Foi lá que conheceu Tereza, mulher com a qual viveu mais de 30 anos (ela morreu há cinco meses). Em Franca, trabalhou na construção civil como pedreiro e também no Curtume Orlando, até sofrer um acidente na prensa que o inutilizou para o trabalho, há dez anos. Desde então, começava a vender sorvetes às 7 horas da manhã no Distrito Industrial. Todos os dias, fazia o percurso a pé até o Bairro Santo Agostinho, onde deixava o carrinho de sorvete na casa dos patrões. “Ele era o melhor dos nossos oito ‘picolezeiros’”, declarou Nilcedes, mulher de Jair, responsável pela fabricação dos cerca de 80 sorvetes que “Bahia” vendia por dia, o que lhe rendia pouco mais de R$ 300 por mês. Como sorveteiro, sofreu ainda mais um acidente: foi atropelado na Avenida Ismael Alonso y Alonso, próximo ao semáforo da esquina com a Rua Volutários da Franca.

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários