Um pastor atuando há 11 anos na igreja “Seguidores de Jesus Cristo”, no Jardim Cambuí, foi acusado no domingo de ter molestado uma fiel de 10 anos. O suposto crime, praticado por CL, 53, teria ocorrido no dia 12. A vítima, moradora do Jardim Luiza, foi à igreja sozinha, no domingo retrasado, para o culto que começa às 19h30. Na volta, o pastor ofereceu carona e a menina aceitou. Ela freqüenta o templo há um ano e dois meses e sempre participava das reuniões com a mãe. Nesse dia, a dona de casa não pôde ir e mandou a filha sozinha.
CL estava de bicicleta e colocou a garota no cano. Em outra bicicleta, estaria uma de suas duas filhas. A vítima disse à polícia que no trajeto o homem riçava suas pernas nela e a segurava, acariciando seus seios. Ao chegar no destino final, o suspeito teria dado um beijo na boca da criança. Entrando em casa, a menina contou para a mãe, a diarista MMS, 41, o que tinha acontecido. “Não esperava que isso pudesse acontecer. Quando minha filha contou, não acreditei”, comentou a mulher. Para tentar comprovar a história, procurou um segundo pastor da igreja e relatou o fato.
A surpresa foi ainda maior. O homem disse à diarista que sabia de outros casos envolvendo o mesmo pastor. A filha dela seria provavelmente mais uma das vítimas. “Estamos com muita revolta”, respondeu MMS. Mãe de sete filhos, MMS disse que o mais velho, que vive em São Paulo e tem 20 anos, ficou indignado e queria vir a Franca para “fazer justiça com as próprias mãos”. A menina de 10 anos não quis voltar à igreja e ficou deprimida. “Ela nem está em casa, levei para outro lugar. Pensamos até em mudar de Franca, mas não sei ainda”, disse a mulher que se mudou de São Paulo em busca de tranqüilidade há seis anos. “Minha crença em Deus continua, mas ‘maldito o homem que acredita no homem’, já disse uma passagem”, falou referindo-se a um trecho bíblico.
CL, o pastor, assumiu na polícia ter acariciado a menina e mencionou outros dois casos de atentado violento ao pudor em que se envolveu. Um deles teria acontecido com uma amiga de suas filhas. Ele é pai de duas garotas, uma de 7 e outra de 14 anos, e de um menino, de 11 anos. O homem disse nunca ter atacado as filhas e ser doente. “Vamos intimá-lo e conduzir o inquérito.
Enquanto ele ajudar na investigação, não será preciso pedir a prisão”, disse a delegada de Defesa da Mulher Graciela Ambrósio.
Não há data para a oitiva e a delegada não revelou se pedirá exames médicos que comprovem a alegação de que os filhos não teriam sofrido violência sexual.
FORA DE CONTROLE
O pastor CL não é o primeiro a se envolver em um caso de violência sexual contra uma fiel da cidade. A DDM investiga outro pastor evangélico que seria pai de uma criança nascida no final do ano passado e que tem como mãe uma adolescente de 13 anos. O rapaz é acusado de molestar uma menina na sede da igreja, no Jardim Redentor.
Ela nega ter mantido relação se-xual com o acusado, mas a polícia acredita que ele, que deixou Franca pouco depois do ocorrido, tenha ejaculado em suas pernas. Isso teria sido suficiente para ela engravidar. Depois de meses procurando-o em cidades próximas a São Paulo, a Polícia Civil o encontrou em Caraguatatuba, no litoral. Ele negou ser o pai da criança. A delegada Graciela Ambrosio planeja encerrar o inquérito e remetê-lo ao Fórum após ouvi-lo por carta precatória. Só exames clínicos poderão determinar se a criança é mesmo sua filha.
Casos de pedofilia, como o registrado, são distúrbios de conduta sexual onde o indivíduo adulto sente desejo compulsivo de caráter homossexual (quando envolve meninos) ou heterossexual (quando envolve meninas) por crianças ou pré-adolescentes. A polícia e órgãos de defesa da infância e da adolescência têm incentivado a denúncia de tais casos por parte de quem deles tomem conhecimento direto ou indireto. De acordo com a legislação brasileira, o sexo com menores de 14 anos, consentido ou não, caracteriza crime de atentado violento ao pudor ou estupro.
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