Um encontro a portas fechadas na Prefeitura de Cristais Paulista definiu na manhã de ontem que o grupo de 250 famílias ligadas ao MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) permanecerá por mais 60 dias na Fazenda Santana. A propriedade de 46,5 alqueires foi invadida na madrugada de sábado. Os manifestantes pedem a criação de um assentamento na cidade. Naquela região, segundo eles, há pelo menos nove áreas improdutivas.
O acordo assinado entre os representantes do movimento, Davi Pereira da Silva, 48, e Jean Gomes, 28, e o proprietário da terra, Antônio Elias Neto, 81, estabelece a desistência de um possível pedido de reintegração de posse. “Durante esse período vamos acelerar as negociações com o Incra para que o órgão possa desapropriar uma área vizinha à Fazenda Santana”, disse Jean, representante da coordenação nacional do MLST. Ele reiterou que a invasão ocorreu como parte de uma estratégia, pois a real intenção do grupo é a posse da propriedade vizinha, a Fazenda Santa Cruz. Segundo ele, esta possui cerca de 1.200 hectares e estaria avaliada pelos sem-terra em R$ 15 milhões.
Amanhã, Jean e Davi Pereira da Silva, conhecido como Paraná, viajarão a Brasília (DF) para um encontro com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. “Entramos em contato com a superintendência do Incra em São Paulo e através do órgão agendamos uma audiência para sexta-feira. Vamos pedir ao ministro uma solução rápida para as famílias acampadas”, explicou Paraná. Entre uma das propostas está a compra da Santa Cruz pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). “Apresentaremos um relatório elaborado durante sete meses, no qual consta que a propriedade é improdutiva”, afirmou o sem-terra.
Erildo Lima, proprietário da Fazenda Santa Cruz, não foi encontrado para comentar o assunto. Segundo o administrador da propriedade, identificado como Deneral, ele estaria em viagem no exterior.
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