15 de dezembro de 2025
SUPLEMENTAÇÃO

Ajuda a dormir melhor? Entenda os benefícios do magnésio

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 4 min
Foto: Freepik
Nas redes sociais, a suplementação de magnésio ganhou fama por ajudar no sono, ansiedade e dores musculares

A popularização de suplementos de magnésio nas redes sociais tem levado muitos consumidores a buscar o mineral como solução rápida para problemas de sono, ansiedade e dores musculares. Especialistas, porém, afirmam que o composto tem papel relevante no organismo, mas defendem uso orientado e com base em evidências científicas.

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O nutricionista Ricardo Calle, em entrevista à BBC, lembra que o magnésio é um mineral essencial, envolvido em funções neurológicas, cardíacas e em diversas reações bioquímicas. Isso não significa, porém, que qualquer pessoa deva suplementar por conta própria ou em doses altas.

Nas redes, o magnésio costuma ser divulgado com promessas como “melhorar o sono imediatamente” ou “aliviar a ansiedade”. Para a psicóloga do sono Nathalia Padilla, do Instituto de Medicina Johns Hopkins, essa comunicação simplifica os resultados de pesquisas e ignora limitações dos estudos. Segundo ela, ainda não há base científica suficiente para afirmar que o magnésio combata insônia de forma generalizada.

Calle destaca que o mineral participa de processos que resultam em relaxamento e pode reduzir a excitabilidade dos neurônios e a chance de arritmias, mas os efeitos dependem do nível prévio de magnésio no organismo. Em pessoas com concentração adequada, a suplementação tende a não trazer ganhos adicionais, já que o corpo elimina o excesso.

Tipos de magnésio e rótulos

Entre as apresentações disponíveis estão citrato, bisglicinato e óxido de magnésio. A diferença principal entre elas está na absorção e na tolerância individual. Por isso, a escolha deve ser feita com orientação médica ou nutricional.

Os especialistas recomendam atenção ao rótulo, em especial à quantidade de magnésio elementar indicada por dose. Um frasco pode trazer a informação “1.000 mg de citrato de magnésio”, o que não significa a mesma quantidade de magnésio elementar. É esse dado que deve ser considerado para definir se a dose é adequada ou excessiva.

Padilla lembra que suplementos não seguem o mesmo padrão de regulação de medicamentos, o que pode deixar lacunas nas informações de rótulo e na qualidade dos produtos.

Sono, relaxamento e evidências

Segundo Padilla, a literatura científica sobre o uso de magnésio para melhora do sono ainda é limitada. Há indícios de que o mineral atue no sistema GABA, neurotransmissor com efeito calmante, e ajude a reduzir níveis de cortisol, hormônio associado ao estresse. Esses mecanismos podem, indiretamente, favorecer o descanso.

Ela cita um estudo com óxido de magnésio em pessoas com espasmos noturnos nas pernas. Ao reduzir o desconforto muscular, o suplemento teria facilitado o sono. Calle explica que, do ponto de vista fisiológico, o magnésio estabiliza a excitabilidade neuronal e contrabalança a ação do cálcio sobre músculos e coração, o que pode diminuir cãibras em casos de deficiência.



Uso de suplementos e riscos

Tanto Calle quanto Padilla defendem que o primeiro passo é avaliar a alimentação e, se necessário, medir os níveis de magnésio e verificar a função renal antes de iniciar suplementação. O valor de referência citado por Calle é de cerca de 400 miligramas diários de magnésio elementar, somando o que é obtido na dieta.

Embora os rins eliminem o excesso em indivíduos saudáveis, doses muito altas ou problemas renais podem levar à sobrecarga do organismo. Em quantidades elevadas, o suplemento pode causar náuseas, diarreia e alterar ritmos cardíacos, além de reduzir a pressão arterial. Pessoas com doença renal e risco cardiovascular devem ter atenção redobrada e só usar o mineral sob supervisão profissional.

Magnésio na alimentação

De acordo com Calle, uma dieta variada costuma fornecer magnésio em quantidade suficiente, sem necessidade de suplementos na maior parte dos casos. Verduras, frutas, leguminosas e alguns laticínios contribuem para o consumo diário do mineral.

Padilla sugere padrões alimentares como o modelo mediterrâneo, com inclusão regular de nozes, folhas verdes (como espinafre), leguminosas e peixes, entre eles o salmão. Se houver restrições digestivas ou intolerâncias, a orientação é buscar um nutricionista para ajustar o cardápio e manter a oferta adequada de magnésio.

Na prática, isso significa incluir folhas verdes em refeições, pequenas porções de frutas secas, alternar tipos de legumes e consumir peixe algumas vezes por semana. Segundo os especialistas, com esse padrão alimentar, a maioria das pessoas consegue manter níveis adequados de magnésio sem recorrer à suplementação.