Nessa segunda-feira (27), o mundo relembrou os 80 anos da libertação do campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, símbolo dos horrores do Holocausto e do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Localizado na Polônia ocupada, Auschwitz foi libertado pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945, revelando a magnitude do genocídio que exterminou milhões de pessoas.
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Memória e educação: desafios para as novas gerações
Apesar das homenagens, uma pesquisa divulgada pela Jewish Claims Conference expôs preocupações crescentes sobre o desconhecimento do Holocausto, principalmente entre jovens. O levantamento, realizado em oito países, mostrou que muitos não sabem que 6 milhões de judeus foram mortos durante o regime nazista. Na Alemanha, metade da população desconhece esse dado histórico, enquanto na França quase metade dos jovens entre 18 e 29 anos afirmou nunca ter ouvido falar do Holocausto.
Entre os jovens alemães, 15% acreditam que menos de dois milhões de judeus foram mortos, enquanto 40% dos jovens romenos também subestimam o número de vítimas. Esses dados refletem lacunas educacionais e o distanciamento geracional em relação a um dos capítulos mais sombrios da história mundial.
"Essas lacunas são alarmantes e destacam a necessidade urgente de fortalecer a educação sobre o Holocausto", afirmou Gideon Taylor, presidente da Jewish Claims Conference. Além disso, a pesquisa revelou que mais da metade dos jovens em países como Polônia, Alemanha e Estados Unidos se deparam frequentemente com conteúdos online que distorcem ou negam o Holocausto.
Embora não haja dados recentes sobre o nível de conhecimento dos jovens brasileiros ou latino-americanos em relação ao Holocausto, uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2001 revelou que 32% dos brasileiros desconheciam o termo "Holocausto". Além disso, 89% dos entrevistados não souberam definir corretamente o que foi o Holocausto.
Educar para não repetir
Durante a celebração do 27 de janeiro em Auschwitz, sobreviventes compartilharam relatos e reforçaram a importância de educar as novas gerações. "Estar aqui 80 anos depois é doloroso, mas essencial para garantir que o mundo nunca esqueça", disse Roman Kaplan, ex-prisioneiro do campo.
Líderes internacionais também alertaram para os perigos do esquecimento. O presidente da Polônia, Andrzej Duda, declarou que "se a memória de Auschwitz desaparecer, o mundo corre o risco de repetir os mesmos erros". O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que Auschwitz é "um grito de advertência para a humanidade".
Apesar do desconhecimento apontado pela pesquisa, a maioria dos entrevistados acredita que o Holocausto ainda deve ser ensinado nas escolas, a fim de evitar que o ódio e a intolerância voltem a causar tragédias semelhantes no futuro.
Aos 80 anos de sua libertação, Auschwitz permanece como marco da resiliência humana e lembrete constante dos perigos do extremismo, do antissemitismo e do esquecimento histórico.