O avanço da tecnologia trouxe consigo benefícios inegáveis, como a conveniência dos assistentes virtuais e a conectividade constante. No entanto, com a proliferação de smartphones equipados com microfones sempre ativos, surgem preocupações sobre privacidade, especialmente no que se refere à captação de áudio sem comando direto dos usuários.
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Segundo uma pesquisa de 2019 da Northeastern University, nos EUA, e do Imperial College London, embora aplicativos móveis não gravem ou transmitam ativamente áudio sem permissão explícita, há indícios de que muitos gravam dados ao redor, como hábitos e preferências de navegação. Isso pode ser feito utilizando palavras-chave detectadas via áudio, o que levanta preocupações de invasão de privacidade.
Esses microfones constantemente ativos foram desenhados para responder rapidamente a comandos de voz, como "Ok Google" ou "Hey Siri". Contudo, há relatos de usuários de smartphones Android e iPhones que mencionam anúncios online aparecendo após conversas em que não houve interação direta com o celular. Um estudo da Universidade de Princeton revelou que a coleta de áudio pode ocorrer por brechas em aplicativos de terceiros, expondo dados pessoais a empresas de marketing e publicidade.
Em 2020, o Facebook pagou uma multa de US$ 650 milhões em uma ação judicial sobre o uso indevido de dados de reconhecimento facial e, apesar de não estar diretamente relacionada à captação de áudio, levantou questões sobre como as grandes empresas de tecnologia tratam a privacidade dos usuários.
O que agrava a situação é o fato de que, muitas vezes, os usuários não estão cientes de quais permissões seus aplicativos têm. Um levantamento da Kaspersky em 2022 indicou que 52% dos usuários não revisam ou restringem as permissões de microfone em seus aplicativos, abrindo margem para o uso inadvertido.
Especialistas recomendam medidas para proteger a privacidade, como desativar a permissão para microfone em apps desnecessários, revisar regularmente as configurações de privacidade e evitar manter o celular próximo em conversas sensíveis.
A discussão sobre a captação de áudio sem comando permanece acirrada, com grupos de defesa da privacidade pressionando por regulamentações mais rigorosas. Enquanto isso, o uso cauteloso e informado dos dispositivos é a melhor forma de garantir que os smartphones trabalhem a nosso favor, e não contra nós.