INVESTIGAÇÃO

Ministério da Saúde investiga mortes suspeitas de febre oropouche

Da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Lauren Bishop / CDC / Divulgação
Febre oropouche é transmitida por um mosquito, o Culicoides paraensis
Febre oropouche é transmitida por um mosquito, o Culicoides paraensis

O Ministério da Saúde afirma que investiga quatro mortes suspeitas de terem sido causadas por febre oropouche, sendo duas na Bahia, uma em Santa Catarina e uma no Maranhão.

Na Bahia, a Secretaria de Saúde (Sesab) afirma ter registrado dois óbitos por oropouche, mas diz aguardar a confirmação por parte do ministério. Caso confirmadas, essas seriam as primeiras mortes pela doença no mundo.

Os casos foram registrados em duas mulheres de 22 e 24 anos sem comorbidades, nas cidades de Camamu e Valença, respectivamente.

Um artigo assinado por 20 especialistas em versão inicial para revisão, postado no dia 16 de julho, analisa as mortes e reforça a necessidade de um sistema de vigilância ativo e eficiente para controlar a disseminação do vírus.

Este é um estudo de caso de infecção aguda por [vírus] OROV que levou à morte de duas jovens sem comorbidades em meio a um surto da doença. As amostras biológicas das pacientes foram submetidas a ensaios de PCR em tempo real de rotina para o diagnóstico da febre de oropouche e outras patologias", diz a publicação.

"Um aumento na ocorrência de casos dessa doença foi observado no estado da Bahia, onde a rápida disseminação do vírus é configurada como um surto nas macrorregiões sul e leste, de grande preocupação para a saúde pública", acrescenta.

Investigação.

Segundo a Sesab, o caso da jovem de 24 anos foi analisado pela Câmara Técnica da Bahia e passou por avaliação clínica, epidemiológica e laboratorial rigorosa.

"O diagnóstico foi obtido através de RT-PCR para oropouche, que se mostrou positivo após a exclusão de outras doenças como zika, dengue, chikungunya e leptospirose, além de infecções por meningococo, hemophilus e pneumococo, todas apresentando resultados negativos. Ainda que avaliado como positivo pela Câmara Técnica da Bahia, o Ministério da Saúde ainda não confirmou", diz nota da secretaria.

Ainda de acordo com o órgão, o segundo caso é investigado e passará pelos mesmos exames submetidos ao primeiro caso, adicionando a análise genômica.

Já a Secretaria de Saúde de Santa Catarina (SES/SC) diz não haver óbito ou suspeita de óbito por oropouche em investigação no estado no momento. Já o órgão de saúde do Maranhão foi questionado sobre o assunto via email na tarde do sábado (20), mas não houve resposta até a publicação deste texto.

No Brasil, 7.117 casos da doença já foram registrados em 16 estados neste ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Em todo o ano passado foram 832 casos.

Segundo o ministério, a detecção de casos de febre oropouche foi ampliada em 2023, após a pasta disponibilizar, pela primeira vez, testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). "Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país", diz nota.

Sintomas.

A febre oropouche é transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim.

O quadro clínico é semelhante ao da dengue e da chikungunya. Os sintomas são dor de cabeça, dor muscular e articular, febre, tontura, dor atrás dos olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.

Parte dos pacientes pode apresentar recorrência dos sintomas ou apenas febre, dor de cabeça e dor muscular após uma a duas semanas do início das manifestações iniciais. Os sintomas duram de dois a sete dias, em média. Na maioria dos pacientes, a evolução da febre do oropouche é benigna e sem sequelas.

Com o avanço dos casos da febre oropouche e o anúncio de que os anticorpos do vírus foram encontrados em quatro bebês que nasceram com microcefalia e em um feto natimorto, o Ministério da Saúde e especialistas da área estão reforçando a necessidade de que todos os casos dessas malformações no país sejam notificados e investigados.

Os achados são evidências da transmissão vertical do vírus, mas ainda não permitem confirmar se a infecção durante a gestação foi a causa das malformações neurológicas nos bebês e da morte do feto.

Comentários

Comentários