REGIÃO CENTRAL

Skina, tradicional loja do centro de Campinas fecha as portas

Por Andréia Marques | Especial para a Sampi
| Tempo de leitura: 4 min
Andreia Marques/Sampi Campinas
Por quase 90 anos, as ruas 13 de Maio e José Paulino foram o endereço da Skina Magazine
Por quase 90 anos, as ruas 13 de Maio e José Paulino foram o endereço da Skina Magazine

Era em uma das principais esquinas de Campinas, que por muito tempo funcionou uma loja que marcou o comércio da metrópole. Por quase 90 anos, as ruas 13 de Maio e José Paulino foram o endereço da Skina Magazine. Agora quem passa por lá, encontra portas fechadas, loja vazia e poucos funcionários. O magazine que fez parte da história do desenvolvimento da cidade encerrou as atividades, deixando saudades em clientes, funcionários e até mesmo comerciantes.

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“Eu levei um susto. Estava acostumada a vir aqui comprar roupa para toda a família. Fazia parte da nossa rotina. Agora nem sei onde vou fazer compras”, lamentou Ana Paula Leme, professora.

O técnico de enfermagem Leandro Souza também era cliente fiel da Skina Magazine. “Comecei a vir na loja quando ainda era pequeno, com minha mãe. Comprei muita coisa aqui na loja. Tinha até carnê. Não dá para acreditar que fechou”, contou.

O Início

A história da Skina se mistura ao crescimento de Campinas. A loja foi fundada em 1938, época em que a cidade deixava de ter a fisionomia agrária por causa da crise cafeeira e entrava na rota do desenvolvimento urbano. “Meu pai fundou a loja em 1938 com o nome de Casa Paratodos. Depois ele faleceu e em 1975 eu e meu irmãos assumimos”, contou o proprietário Abdo El Banate. A partir daí, a loja recebeu o nome de Skina Magazine.

A loja que marcou a trajetória do comércio de Campinas, manteve a tradição ao longo dos anos: atendimento diferenciado, produtos de qualidade e o cumprimento de promessas, como a entrega e os descontos. Mas era o jeito de pagar como antigamente que chamava atenção. O carnê até o fechamento da loja era umas principais formas de pagamento, representava 50% das vendas.

Esta forma de pagamento é a alternativa para aqueles que dividem o pagamento em várias vezes, mas não têm conta em banco ou cartão de crédito. Só no último ano, 12 mil clientes compraram por carnê. “Eu tinha cliente que me acompanhou por mais de 40 anos, não tinha medo do calote. Acreditava na fidelidade. Eram pessoas fieis”, contou o proprietário.

O fim

Foi assim que o empresário tocou a loja até agora. Mas os tempos mudaram e a crise econômica bateu à porta da Skina Magazine. “As condições econômicas não favoreceram. Também não há perspectiva de mudança. Pensei muito, antes de fechar.”, contou.

Aos 83 anos, seo Abdo também diz estar cansado. “Nasci dentro de loja, foram dias inteiros lá dentro. Pensei por vários dias antes de tomar a decisão. Mas tive que fechar”, revelou. O empresário tem duas filhas, mas que seguiram trajetórias diferentes da do pai.

Além da tradicional loja no centro, outras duas ficam também no shopping Spazzio, na região do Ouro Verde e outra no Bandeiras. Todas fecharam. Antes de encerrar as atividades, uma liquidação final foi feita para vender todo o estoque.

“Eu vim aqui hoje para aproveitar, mas está tudo vazio. Que pena”, contou a auxiliar de administrativa Maria Sirene da Cruz.

Nas redes sociais, clientes mostraram carinho

“ Vai fazer muuuita (sic) falta, nem sei a quanto tempo sou cliente. Mas a algum tempo já vinha percebendo algo. A Skina sempre foi minha primeira opção, sempre fui muito bem atendida. Vai doer muito quando passar pela 13 de maio e encontrar as portas fechadas”, escreveu Rita de Cássia na página da loja.

“Que triste! Eu e minha família chegamos em Campinas em 1977 e desde então a Skina Magazine era a nossa loja preferida, e assim foi passando de pai para filho...é com imensa tristeza que nos despedimos desta elegantíssima e maravilhosa loja (sic)”, escreveu Cecília Carvalho.”

Portas fechadas

As lojas fecharam no dia 14 de junho. Agora, na unidade do centro só estão sendo feitos atendimentos para receber o pagamento dos carnês. Quem precisa ‘acertar’ as contas, pode ir na loja da 13 de Maio das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Com a loja fechada, agora o empresário tem que resolver um novo desafio. “Não sei o que vou fazer por enquanto. Não vou voltar para o comércio. Mas descansar eu não vou. Nem de longe”, revelou.

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