Campinas registra temperaturas acima dos 30ºC desde a última quinta-feira. O calorão elevou também a sensação térmica, que beira os 40ºC. De acordo com o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), as temperaturas devem seguir altas até a próxima quinta-feira, 21. Depois, com a aproximação de uma frente fria, sofrem uma leve queda.

Aumento maior foi sentido pelo ambulante Marcelo Costa, de 28 anos, que vende água na região central. Por volta das 16h, ele já tinha vendido todo o estoque para dois dias de trabalho e se preparava para buscar o terceiro. “Dia de sol assim vai rápido demais, nem acredito que já vendi tudo. A esposa vai ficar feliz”, comentou.

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a onda de calor que atinge o estado se iniciou na Argentina e avançou pelo Sul brasileiro. Nesta terça-feira, Campinas registrou máximas de 35ºC. A quarta e quinta-feira devem ter máximas de 34ºC.

Cuidados com o calor intenso
De acordo com a médica clínica geral Dra. Carla Roballo Bertelli, o calorão exige cuidados muitas vezes negligenciados, mas que são importantes para a manutenção da saúde.

“O principal é a hidratação. A falta de líquido na célula leva o corpo a passar por um processo similar a um “desligar”, ou seja, é como se o corpo fosse desligando mesmo. A pessoa vai ficando cansada, fraca e indisposta. E em dias de calor intenso, o corpo chega a perder de 1,5 l a 2 l de água. Portanto, a hidratação tem que ser redobrada”, explica.

“As demais orientações são básicas: comer frutas que oferecem eletrólitos, melancia, melão, água de coco. Sempre que possível tomar um banho, usar roupas leves e passar o protetor solar de 2h em 2h”, complementa.

De acordo com a médica, que coordena o setor de emergências do Hospital Vera Cruz, os cuidados devem ser mais incisivos em crianças e idosos.

Já o médico Jayro Goulart, cardiologista da Unifaj, o calorão oferece riscos severos a pacientes com doenças cardíacas, e os cuidados precisam ser na medida.

“Pacientes cardíacos muitas vezes tomam medicações para diminuir a frequência do coração, e o calor vai provocar a reação contrária, ou seja, uma aceleração. Isso pode causar problemas coronarianos, aumentar as taxas de AVC, aumentar o risco, inclusive, de morte. O paciente fica com uma sensação frequente de mal-estar”, explica.

Entre as orientações, o médico recomenda reduzir a ingestão de alimentos que aceleram o processo de desidratação, como os com alto teor de sódio, por exemplo. Bebidas alcóolicas também contribuem para uma desidratação mais rápida, e podem ser evitadas em dias muito quentes, indica o especialista.