Pela primeira vez, Sinara Martins, estudante de jornalismo da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), em Bauru, comemorou o Natal de 2025 ao lado dos quatro irmãos — Polyane Lukuene, Raphael Leles Lima, Lara Leles Lima e Laryssa Lima — junto da família biológica, em Patos de Minas (MG). Filha adotiva de Glória Pereira e Marcos Martins, moradores de Jaú (SP), a caçula afirma que a experiência representou a realização de um sonho. “Me sinto sortuda em ter não só uma, mas duas famílias que me amam profundamente”, destaca.
A estudante conta que o convite foi feito por Miriam Lima, a mãe de nascimento, com quem ela já havia tido contado anteriormente. “A família é bem grande e todo mundo se reúne para celebrar o Natal em uma festa que dura cinco dias. Eu fui a Patos de Minas em 2022 e 2023, mas foram visitas pontuais, principalmente para ficar perto dos meus sobrinhos. Naquela época, eu ainda não conhecia minha irmã Polyane, nem tios e primos”, relata.
Sinara foi separada dos irmãos em 2004, ainda recém-nascida, porque as condições financeiras da família de origem não permitiam cuidar de mais uma criança. “Eu sempre soube disso. Sou filha única em Jaú e me questionava como seria a vida com irmãos. Eu tinha uma foto com eles e sabia que existiam. Meus pais nunca me negaram a possibilidade de conhecê-los, apenas diziam para eu esperar estar um pouco mais velha e madura”, acrescenta.
Primeiro contato
Foi durante a pandemia, em 2020, aos 14 anos, que a estudante teve acesso ao nome completo da mãe biológica, revelado pela madrinha. “Eu queria entender de onde vim, criar laços com meus sobrinhos e saber mais sobre a minha história. Pesquisei no Facebook e encontrei minha irmã, Lara. Mandei uma mensagem e nosso primeiro contato foi uma chamada de vídeo, marcada por muito choro e a emoção do reencontro”, descreve.
Cinco anos depois, no Natal de 2025, lágrimas escorreram mais uma vez no momento em que os irmãos bateram a fotografia juntos, revela Sinara. “Quando tiramos a foto com todos reunidos, não aguentei e chorei. Por muito tempo, nem cogitava que passar um Natal com eles fosse uma realidade. Parecia um sonho estar rodeada de tanta gente que me viu ainda bebê e achava que nunca mais iria me ver”, revela.
Hoje, mais de duas décadas após o distanciamento familiar, os parentes biológicos de Sinara vivem uma realidade de maior estabilidade. Para ela, estar em Patos de Minas (MG) ao lado deles é motivo de profunda gratidão, por entender que tudo aconteceu exatamente como precisava. “Eu tive uma base familiar sensacional, que me proporcionou amor, uma ótima educação e qualidade de vida. Meus pais de Jaú são tudo o que tenho de mais especial. Uma família não substitui a outra, nem ocupa o espaço da outra no meu coração”, conclui.