
O plano de saúde que o governo Suéllen Rosim (PSD) pagaria aos servidores teria um custo per capita mais barato do que os planos destinados a animais domésticos, os chamados "pets". Se a virtual vencedora da licitação do governo ofereceu preço de R$ 90,00 por servidor, o valor de um plano "pet" ideal hoje gira em torno de R$ 99,99, diz consulta feita pela reportagem no site "Petz".
A comparação foi feita pelo vereador Júnior Rodrigues (PSD), ex-líder da prefeita e ex-presidente da Câmara, na sessão desta segunda-feira (23). A declaração vem na esteira da decisão do governo de revogar o certame após parecer da procuradora Marisa Botter Gebara, que viu indícios de direcionamento no caso - caso amplamente comentado na reunião legislativa.
"A gente veio cobrando o edital esperando que viesse um edital bom, com exigências. Mas não veio nada. Quando você não tem exigência, qualquer coisa serve. Foi o que aconteceu", comentou. "Eles jogaram o preço para R$ 90,00. Qual plano vai conseguir atender? Isso não é um plano de saúde, é um plano funerário. Nós não podemos aceitar", emendou.
"O edital não exige, por exemplo, atendimento em hemodinâmica. Isso significa que, se o paciente chegar infartado, ele vai ter de ser transferido a outra cidade e vai morrer no caminho. Não tem exigência de UTI Neonatal. Se uma mãe for para trabalho de parto e o bebê passar mal, vai morrer. Pelo amor de Deus", disse Rodrigues.
Também comentou o tema o vereador Júnior Lokadora (Podemos), para quem a anulação do certame "deixa algumas perguntas no ar". "Será que querem que poucas empresas participem?", indagou. Como mostrou o JC, três empresas participaram do certame, que previa custo anual de R$ 48 milhões, duas das quais do mesmo grupo econômico.
O problema de um plano de saúde mal trabalhado, afirmou Lokadora, está no fato de que isso tem reflexo direto sobre a superlotação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Para a vereadora Estela Almagro (PT), porém, a questão é outra. "Não vou falar aqui da qualidade do serviço, até porque precisaria de muito tempo para isso. O que quero trazer para debate é a patifaria em mais um pregão eletrônico. O que é que esse povo está fazendo lá em cima?", indagou, em referência à cúpula do Poder Executivo.
"Nesse caso, quem paga o pato é a população. Os servidores e seus dependentes. Quero debater a canalhice de quem fez esse processo, de quem não dá as caras e fica nas sombras, mas tem digitais nesses contratos. Quero discutir com o Alex, com o Dozimar Rosim [pai da prefeita], com o Daniel Freitas [assessor de governo]", mencionou.
Ela disse também, embora sem dar mais detalhes, que "esse trio está em todos os contratos, em todos os cafés e na recepção de alguns jatos que pousam no aeroporto".