
Nesta terça-feira (17), data em que foi celebrado o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, alunos e professores do Centro Paula Souza (CPS) mostram que educação profissional e tecnológica anda de mãos dadas com inovação sustentável. Em Jaú (47 quilômetros de Bauru), a Escola Técnica Estadual (Etec) Professor Urias Ferreira e Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) desenvolvem projetos com impactos no enfrentamento à escassez hídrica, degradação do solo e mudanças climáticas, contribuindo para segurança alimentar, valorização da agricultura familiar e preservação ambiental.
Na Fatec de Jaú, um dos destaques é a elaboração de uma metodologia replicável de captação de água de chuva, que busca otimizar o uso do recurso para fins não potáveis, como irrigação, limpeza e combate a incêndios. "Sempre trabalhei com soluções baseadas na natureza", explica a professora do curso de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Valéria Lopes Rodrigues, idealizadora da proposta.
O projeto usa drones, softwares especializados e estações hidrometeorológicas para mapear áreas de captação e desenhar sistemas eficientes, com análise de viabilidade econômica e ambiental. O objetivo é criar um manual técnico de replicação, fortalecendo a resiliência hídrica de escolas e comunidades.
Para Ivan Lucas de Paula, aluno do curso e monitor no projeto, a iniciativa representa mais do que economia de recursos. "A importância dessa pesquisa, na minha concepção, é muito grande porque, além de contribuir para a redução do uso da água potável, traz questões de educação ambiental", afirma.
Também na Fatec, o professor Jozrael Henriques Rezende lidera, no mesmo curso, pesquisas que buscam integrar conservação ambiental, produção sustentável e melhoria da qualidade de vida. Um dos projetos é o Florestas Multifuncionais para a Recuperação de Passivos de Reserva Legal na Paisagem Rural Paulista, que propõe restaurar áreas degradadas por meio do plantio de espécies nativas da Mata Atlântica e do Cerrado.
A proposta alia conservação ecológica à geração de renda, promovendo arranjos agroflorestais com produtos não madeireiros, como frutos, sementes e óleos, especialmente em áreas de baixa aptidão agrícola. Mais de 2 mil árvores já foram plantadas, incluindo espécies com alto potencial econômico, como baru, pitanga, grumixama e macaúba.
Tecnologia portátil
Já na Etec Professor Urias Ferreira, alunos do curso técnico em Agropecuária, sob orientação das professoras Juliana Santos e Maria Angélica Berchol da Silva Travessa, criaram uma mochila de adubação portátil e de baixo custo, voltada a pequenos produtores. "Observamos em aula prática a dificuldade de aplicar adubo em pequenas áreas. A partir daí, reaproveitamos materiais simples como canos de PVC e mochilas de napa para criar um aplicador funcional", explica Juliana.
O equipamento desenvolvido pelos alunos Alec Gabriel Oliveira Mendes, Ana Letícia Casadio Souza e Nícolas Corrêa Berthelli Batista Jugeick facilita o trato cultural em áreas agrícolas reduzidas e foi pensado como alternativa viável para produtores que não têm acesso a maquinário caro. O projeto foi destaque na 15ª edição da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps), onde recebeu o Prêmio Mackenzie Jovem Empreendedor.