OPINIÃO

Economia em 2025: chega de promessas

Por Reinaldo Cafeo | O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil
| Tempo de leitura: 3 min

Não há dúvidas que os agentes econômicos não acreditam mais em promessas e esperam que o governo federal faça sua parte praticando o rigor fiscal.

Apesar de os indicadores econômicos de curto prazo serem positivos, o risco fiscal tem tomado conta do ambiente econômicos e as incertezas já foram precificadas, notadamente na taxa de câmbio. A falta de coerência entre o discurso e a prática do governo federal elevou o risco de investir no país e o desequilíbrio econômico passou a prevalecer.

O endividamento público é evidente e gastar o dinheiro do pagador de impostos como se não houvesse amanhã, não tem mais espaço, ou melhor, tolerância. Há sim o amanhã e ele chegou, cobrando que o discurso de responsabilidade fiscal seja real, efetivo.

Sabe aquele voto de confiança de que o país pode em algum momento sustentar o crescimento econômico? Pois é, ele já não existe mais. Se este ano de 2025 não for o ano de ajustes das contas públicas, certamente não será 2026, afinal será um ano de eleições, cuja tentação por mais gastos públicos para gerar um ambiente econômico favorável, mesmo que artificialmente, será enorme.

Aquela velha frase de Júlio César continua sendo a tônica: "a mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta".

O presidente Lula tem que ser mais comedido e deixar de lado o discurso populista e focar no que é essencial ao país. Não há mais espaço para soluções simplistas para questões complexas. Neste contexto a política fiscal tem de aliviar a política monetária.

De que adianta discursar que o foco é no social, se o mais preservo dos impostos, o inflacionário, atinge exatamente os mais pobres? Sem rigor fiscal a inflação se alastra na economia, e praticar o aperto monetário (elevando a taxa de juros) será inevitável.

Não podemos incorrer nos erros cometidos pela ex-presidente (que era do PT), Dilma Rousseff, que praticou o artificialismo econômico, o que levou o país a dois anos de recessão, impondo o equivalente a uma pandemia, sem que ela existisse. A paciência esgotou, e o governo federal precisa descer do palanque e encarar a realidade.

Os agentes econômicos conhecem o potencial da economia brasileira. Sabem que, se os fundamentos econômicos estiverem alicerçados em uma política econômica que se sustente, o mercado dará as devidas respostas, como fez neste ano, contudo, a expansão os gastos públicos não pode ser o vetor de crescimento econômico, mas sim os investimentos produtivos, esses sim, garantem o equilíbrio econômico, sem pressão sobre os preços.

Não é pedir muito, é só utilizar dos ensinamentos já consagrados pela ciência econômica que o crescimento econômico sustentado virá, deixando de lado, o já cansativo "voo da galinha".

Essa história de crescer 3,5% em um ano, recuar no outro, de não cumprir metas inflacionárias, de ter que segurar a economia pela política monetária, porque a política fiscal é frouxa, já expirou, passou o prazo de validade. A economia brasileira tem tudo para oferecer oportunidades a todos, mas se o governo não fizer sua parte, tudo fica mais difícil. Chega de promessas, é hora de ações concretas.

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

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