A falibilidade humana, e a consciência disso, confirmada a cada nosso ato de negação, talvez esteja por trás desta busca incessante pela perfeição. O corpo perfeito, a resposta correta, o perfil ideal; maquiamos nossos bugs o tempo todo.

No cerne, a questão é que, como num filtro que some com nossas rugas no Insta, há um descontentamento com a condição humana. Assim, retocamos nossas práticas e as compartilhamos em oferenda ao todo poderoso... ego. Às vezes o colocamos num altar, noutras, numa encruzilhada. Não importa, ele age com fúria descomunal sobre nossos planos, desejos e atos.

Rigorosamente estamos a cada segundo, em todos os tempos, dos primórdios ao que imaginamos por vir, construindo simulacros em seu louvor. Uma pirâmide, uma roda, um satélite. Da pedra lascada ao computador quântico, lá estão os humanos, escancarando seu poder, força, inteligência. Caraca, somos o máximo! Bem, não há como subestimar nossa habilidade com as ferramentas.

De outro aspecto evolutivo, se puxada a capivara deste primata privilegiado, a casa pode cair. Convenhamos, o lado B é sombrio demais e não há photoshop que dê jeito. Quantas, quantas e quantas vidas, de nossos iguais e não, foram e estão sendo extintas no seio desta nobre espécie e, aos que restam, o quanto de sofrimento poderia ser poupado e de prisões, de todos os tipos e jeitos, libertos?

Ao contrário do senso comum, plausível, de que boas intenções podem levar a desastrosas consequências, tê-las ainda é melhor do que intencionalmente promover tragédias. Criar uma IA, Inteligência Artificial, é um exemplo bem-acabado de boa intenção, honestamente presumo.

Dotá-la para além dos limites humanos é o esperado, mas, para isso, como inteligência de fato, terá que ser livre. Permitiremos?! Fica a pergunta, pertinente e complexa, a quem ousaria responder. Como em vastos momentos históricos, corremos o risco de, em nome da segurança da Humanidade, concebermos uma IA programada, e controlada, pelos interesses de sempre, dos poucos, em detrimento do benefício do todo. Bem à nossa imagem e semelhança.