Chegou o final de ano e, além de todo o cansaço acumulado, entramos naquela onda de presentear familiares e amigos. Não tem jeito. É a tradição. Alguns reclamam que o simbolismo da data está se esvaindo diante de tanto consumismo, contudo, dar um mimo para agradar quem está próximo é quase que uma obrigação nesta época.
E quanto custa esse presente? Quanto você desembolsa para deixar alguém bem? Pois bem! Eu digo que o melhor mimo que ganhei neste 2024 custou zero reais. Isso mesmo. Nadica de nada. E o mais curioso: recebi esse presentão de alguém que sequer é próximo a mim.
Aliás, não é próximo no sentido de não ser um familiar ou um dos tantos amigos de mesa de bar. Mas, é próximo fisicamente. Bem próximo por sinal. É o Renato, que mora lá no mesmo prédio que eu.
Não me pergunte qual andar esse meu vizinho mora. Não sei. Ou melhor: não me pergunte nada sobre ele. Nos encontramos poucas vezes pelos corredores (número que caberia em uma mão) e trocamos poucas palavras. Nada mais que isso.
Então, qual o presente tão valioso esse quase desconhecido poderia ter me dado? Uma carta. O Renato, um assíduo leitor aqui do Jornal da Cidade, faz questão de deixar uma cartinha sob minha porta toda vez que eu apareço neste periódico. E é um bilhete escrito a mão, de próprio punho (os mais jovens não conhecem, mas saibam que existe um tipo de escrita que não é pelo touch dos celulares).
Toda reportagem ou crônica publicadas no JC de minha autoria, esse vizinho deixa a tal cartinha, parabenizando e exaltando a relevância da minha atuação. E assim ele o fez, novamente, nesta semana.
Você, caro leitor, pode estar se perguntando o porquê dessa simples carta ter impactado tanto em mim. Não é apenas por inflar meu ego (algo que, vamos ser sinceros, todo mundo gosta). Mas o real motivo de ter feito a diferença na minha vida é saber que existem pessoas que se dão ao trabalho de, sem ganhar nada em troca, escrever um bilhete a mão e deixar na porta de outra pessoa, só para reforçar que ela importa para o mundo. E o fato de não sermos próximos torna tudo ainda mais especial.
Confesso que a reta final do meu 2024 teve algumas turbulências. E eu posso dizer que o presente do Renato salvou meu fim de ano. Queria que ele soubesse disso, já que, com certeza, lerá esta humilde crônica.
E, respondendo a pergunta do início deste texto, às vezes, você não precisa gastar muito para fazer alguém feliz. Afinal, a gentileza é gratuita.