Em uma reportagem veiculada pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo (1º), um caso que aconteceu em Jundiaí ganhou repercussão nacional. Isso porque uma fábrica instalada na cidade, que fornecia o suplemento alimentar creatina a uma grande marca, foi interditada. A investigação, conduzida pelo DEIC/DIG/3º DP - Fraudes Financeiras e Econômicas de São Paulo, teve ação conjunta com a Vigilância Sanitária de Jundiaí.
Em nota, a Vigilância Sanitária de Jundiaí, órgão da Unidade de Gestão de Promoção de Saúde (UGPS) informa que a ação aconteceu em 5 de novembro. O estabelecimento em questão foi autuado e instaurado Processo Administrativo Sanitário (PAS) com a lavratura concomitante de medida cautelar de interdição para apuração das infrações verificadas.
Os processos contra a empresa estão em fase de recurso, após apresentação da defesa, que pede revisão das penalidades julgadas. Se não houver mais recursos contra a decisão judicial, as infrações sanitárias que restarem comprovadas e respectivas sanções serão publicadas na IOM – Imprensa Oficial do Município.
Entenda o caso
A reportagem produzida pelo Fantástico mostra a investigação de Yuri Silveira de Abreu e a esposa, Fabiula de Arruda Freire, que são donos da Soldiers Nutrition e conhecidos como "rei e rainha da creatina". O casal tem uma fábrica própria de produção do suplemento, mas, por conta da alta demanda, terceirizou a produção também para outras empresas. Entre elas, a de Jundiaí, que foi fechada.
Na ocasião de averiguação, as equipes constatam que a fábrica na cidade não possuía licença para produzir o suplemento e que "as instalações e os equipamentos não tinham condições higiênicas e sanitárias satisfatórias". A reportagem da Globo teve acesso a um grupo de mensagens em que dirigentes da empresa falavam sobre os produtos e, em ocasiões de reclamação, clientes da marca encontraram larva e o que parecia ser teia de aranha nos potes de creatina da Soldiers.
A sede do grupo, que não fica em Jundiaí, já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão em outubro e, em visita de agentes da Vigilância Sanitária, as condições do local não eram satisfatórias, por faltarem, por exemplo, "dispositivos de proteção contra a entrada de pragas" e por haver produtos impróprios para consumo.
Ainda segundo o Fantástico, a Soldiers também é investigada por possíveis manobras financeiras, como fraudes fiscais para sonegar impostos e lavagem de dinheiro. Segundo Yuri Silveira de Abreu, o faturamento da empresa chegou a R$ 150 milhões em 2023. Para 2024, a projeção, segundo ele, é de R$ 250 milhões. A defesa da empresa informou à reportagem da Globo que a "investigação policial utilizou algumas reclamações infundadas" e que os "produtos apreendidos nos estabelecimentos de terceiros não passaram por perícia".