DISPUTA

OAB vai auxiliar moradores que Rumo quer desalojar, diz Rodrigues


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André Fleury Moraes
Na semana passada, presidente da Câmara foi acionado  por moradores que receberam notificação da Rumo
Na semana passada, presidente da Câmara foi acionado por moradores que receberam notificação da Rumo

A subseção de Bauru da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se prontificou a auxiliar os moradores das ruas Afonso Pena, José Caciola, Tibúrcio Vilaça e Marconi, todas do Jardim Bela Vista e acusados pela concessionária de ferroavia Rumo Logística de estarem irregularmente em suas casas.

A empresa, como mostrou o JC na semana passada, alega que o domicílio dos moradores está em área da União e pertence à "faixa de domínio" - terreno com pequena largura necessária para a instalação das vias férreas. A Rumo notificou todos os munícipes extrajudicialmente.

O documento data do início de agosto e deu 15 dias para que todos deixem suas residências. São mais de 40 imóveis que abrigam centenas de bauruenses que pagam IPTU e têm escritura registrada no cartório.

A concessionária acusa os moradores de esbulho, quando alguém toma posse integralmente uma propriedade de terceiro, ou turbação - termo relacionado ao ato de dificultar a posse do dono do local.

Na terça-feira (20), a OAB se reuniu com os moradores num encontro costurado pelo presidente da Câmara, vereador Júnior Rodrigues (PSD), do qual participaram também representantes da Prefeitura de Bauru.

Segundo Rodrigues, a administração levou documentos comprovando a matrícula dos imóveis. Ele revela também que a Rumo abriu canal de diálogo e pediu os registros - onde houver, disse o presidente, a notificação será cancelada. "Mas é estranho eles mandarem para todo mundo e depois ver quem está certo ou não", observou.

Na semana passada, procurada pelo JC, a Rumo se limitou a dizer que "realiza o monitoramento contínuo das faixas de domínio conforme estabelecido no contrato de concessão firmado com a União" e que "em caso de invasão dessas áreas, são emitidas notificações extrajudiciais solicitando a desocupação voluntária dos ocupantes".

Não comentou o caso concreto. O JC conversou com moradores na semana passada e vários deles estão em suas residências há décadas.

É o caso de Relinda Maria Soares, que vive no mesmo imóvel desde 1966 e também recebeu o documento em sua caixa postal. "A casa era de meus pais. E quando eles morreram eu comprei a parte de meus irmãos. Isso na década de 1990", disse na ocasião.

"Foi uma surpresa bem negativa. Estamos incrédulos. Eu nunca vi essa, de ser proprietário de um imóvel e ter que sair dele. Como se fôssemos invasores", lamentou.

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