JC CRIANÇA

Cérebro mais afiado na infância


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A volta às aulas é um momento especial na vida de toda a família. É a época, também, de retomar o ritmo escolar para não perder nada nas próximas semanas. Pensando nisso, a reportagem reuniu dicas para os pais contribuírem de forma positiva para o processo de aprendizagem dos pequenos.

Habilidades de raciocínio são cruciais na aprendizagem, no desempenho acadêmico e na resolução de problemas do dia a dia. De acordo com um estudo publicado em 2023 na revista científica Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, a melhoria da qualidade geral da dieta, bem como o aumento do tempo gasto em leitura e esportes organizados, melhoraram as habilidades de raciocínio entre as crianças nos dois primeiros anos escolares.

"Crianças com hábitos alimentares mais saudáveis mostraram maior desenvolvimento cognitivo do que outras crianças. Especificamente, melhor qualidade geral da dieta, menor consumo de carne vermelha e maior ingestão de laticínios com baixo teor de gordura foram associados a melhores habilidades de raciocínio", disse o pesquisador Sehrish Naveed, da Universidade da Finlândia Oriental.

 10 dicas

  1. Permita que seu filho sonhe: embora alguns pais entendam que os filhos são o prolongamento de seus sonhos, lembre-se de que eles não são obrigados a realizar o sonho dos pais. Permita que seu filho escolha seu futuro, viva suas frustrações e suas conquistas apenas com seu apoio e suporte.
  2. Diagnóstico precoce é fundamental: o diagnóstico precoce é importantíssimo em casos de transtorno de ansiedade, TDAH, compulsão, agorafobia e autismo. Contudo, a pressa em determinar o diagnóstico faz com que, infelizmente, tenhamos inúmeros casos de crianças que não têm nenhum problema sendo diagnosticadas, inclusive, com síndromes. Procure sempre uma segunda opinião e faça uma triangulação entre os diagnósticos e o que você observa.
  3. Evite a negligência: a negligência também é um fator antagonista do processo de aprendizagem. Embora acelerar os diagnósticos seja danoso para crianças, a não constatação dos transtornos pode transformar um simples obstáculo em um problema para toda a vida. Quando se trata de pais ativos, não fazer nada não é uma opção. Lembre-se de que uma ansiedade pode levar a outra.
  4. Proteja o diagnóstico: não diga em voz alta um possível problema. Receba o diagnóstico a sós com o médico, psicólogo ou outro profissional habilitado. Embora a verdade seja libertadora e a transparência extremamente relevante na educação, um percentual considerável das crianças usa essa doença para justificar 100% dos erros e se escoram no transtorno, praticando autossabotagem.
  5. Diagnósticos não são permanentes: os diagnósticos de transtornos não são para sempre. Não rotule seus filhos e não coloque um transtorno como um troféu hipocondríaco. Dissemine as vitórias do seu filho, não suas limitações. Muitos dos transtornos, se bem tratados, passam em menos de um ano.
  6. Incentive a rotina de estudos: os filhos têm que fazer dever todos os dias. A neurociência nos ensinou que a memória é REC (repetição, elaboração e consolidação). Exercícios são uma das formas mais saudáveis para a construção de memória semântica de longo prazo.
  7. Introduza obrigações gradualmente: entregue as obrigações para seu filho paulatinamente. O ideal é que uma criança que não tem hábito de estudar inicie com progressão semanal: semana 1 (meia hora por dia); semana 2 (45 minutos); semana 3 (1 hora); semana 4, (1 hora e meia); semana 5, (2 horas, até chegarmos a 3 horas por dia). E cada vez que ele cumprir o tempo de estudo, diga em voz alta o quanto você se orgulha dele.
  8. Controle o tempo de tela: em razão do processo de adaptação à rotina de estudo, o tempo de tela terá que ser reduzido. Não é aconselhável redução de 100%, pois isso gerará ansiedade. Permita tempo de tela só no fim de semana ou 30 minutos por dia em dias de estudo, no máximo, e 3 a 4 horas no fim de semana. O DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) alerta há mais de uma década sobre o transtorno de ansiedade por jogar games online.
  9. Respeite e valorize os professores: nunca desmoralize o professor, sobretudo na frente de seu filho. A escola é um parceiro no processo educacional, seja ela pública ou privada. Caso seu filho chegue chorando em casa, acolha-o, mas vá à escola entender melhor, de preferência, sem a criança saber.
  10. Motive e ensine seu filho: faça isso sempre, ensine-o que ele pode todas as coisas. Não tenha medo da frustração. A infância e a juventude são a hora de aprender, cair, se frustrar, ensinar, se levantar, recomeçar com apoio ao lado. Permita que seu filho questione o professor, mas aprenda a ser questionado, que ele exerça seus direitos, mas cumpra seus deveres.

Parceria entre casa e escola

O professor e especialista em neurociência Edson Urubatan também dá dicas para os pais. Segundo ele, é preciso formar uma parceria sólida entre a casa e a escola, medida que será determinante. "Os desafios do século 21 são imensos, pois temos que inserir as crianças num universo cada vez mais tecnológico. Por isso, acabamos gerando diversos transtornos de ansiedade em função do mau uso e/ou uso excessivo de tais tecnologias", explica Urubatan. "Embora a tecnologia aproxime o aluno da informação e democratize os saberes, sendo importante para o desenvolvimento de novas habilidades, ela também é muitas vezes antagonista no processo de aprendizagem", completa ele. A evasão escolar está frequentemente ligada a fatores como a ansiedade e outros transtornos emocionais. Urubatan destaca que "pais que querem fazer todas as escolhas para os filhos, impondo obstáculos inadequados para a idade e série, enfrentam muitos outros desafios que já nos afligem há muitos anos".

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