Com redução do volume de carne e soja enviado à China, a região de Bauru registrou queda de 12,2% no volume de exportações no primeiro semestre de 2024. De acordo com a diretoria regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), na área compreendida por 25 municípios, foram alcançados US$ 991,647 milhões em mercadorias remetidas ao Exterior, ante a US$ 1,129 bilhão contabilizado de janeiro a junho de 2023.
Já as importações somaram US$ 233,637 milhões, correspondendo a uma queda de 8,4% frente aos US$ 255,076 milhões totalizados nos seis primeiros meses do ano passado. O resultado manteve a balança comercial superavitária em US$ 758 milhões.
O economista Reinaldo Cafeo explica que o principal responsável pela queda nas exportações é a China, país que recebe quase um terço das mercadorias exportadas pela região e cuja economia está em desaceleração. "A China cresceu 5,2% em 2023 e, neste ano, está na casa dos 4,6%. Não fosse esta desaceleração do Produto Interno Bruto, com redução, portanto, do apetite daquele país, as exportações teriam crescido, posto que o câmbio está favorável, tendo saltado de menos de R$ 5,00 em janeiro para próximo a R$ 5,70 agora", descreve.
Dados do comércio exterior extraídos da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostram que a China reduziu em quase R$ 37 milhões a compra de soja (mesmo triturada) oriunda da região no semestre - a queda foi de R$ 170,595 milhões para R$ 133,619 milhões. Já o investimento em carne caiu de R$ 144,310 milhões para R$ 136,678 milhões.
REMESSAS
Ao todo, as cidades da região, com destaque para Lins e Bauru, exportaram US$ 216,623 milhões em carnes, miudezas e comestíveis. Outros US$ 167,825 milhões em sementes e frutos oleaginosos (incluindo a soja) partiram principalmente de Pederneiras em direção à China.
Pederneiras também contribuiu com o faturamento de boa parte dos US$ 167,077 milhões exportados em automóveis e tratores, tendo como maior comprador os Estados Unidos. Outras preparações e conservas de carne totalizaram US$ 136,944 milhões, muito em função das vendas feitas a partir de Lins a países como Estados Unidos, Bélgica, Egito, Reino Unido e Itália.
Lins também respondeu por boa parcela dos US$ 83,674 milhões exportados em açúcar ou produtos de confeitaria. No caso do açúcar, os principais compradores foram Indonésia, Índia, China, Estados Unidos e Argélia. Vale destacar, contudo, que as remessas destes itens foram 30,37% menores na comparação com o primeiro semestre do ano passado.
Outra mudança de cenário que chama atenção refere-se à Bolívia, terceiro parceiro comercial da região de janeiro e a junho de 2023, com aquisição de US$ 43,183 milhões em produtos, quase em sua totalidade materiais de ferro remetidos a partir de Bauru. Na primeira metade de 2024, o valor exportado ao país vizinho caiu 90,78%, totalizando apenas US$ 3,981 milhões.
COMPRAS
Quanto às importações, destacam-se máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (US$ 79,602 milhões), automóveis e tratores (US$ 38,160 milhões), instrumentos e aparelhos de óptica (US$ 15,426 milhões) e ferro fundido, ferro e aço (US$ 9,091 milhões). As compras realizadas pelas cidades da região, em maior proporção por Pederneiras, Bauru, Agudos e Lins, vieram principalmente da Suécia, China, Alemanha, Coreia do Sul e Japão - sendo que, a exceção da China, houve queda dos valores negociados com todos estes fornecedores mais relevantes.
"Os importadores recuaram devido à escalada do dólar, buscaram opções no mercado interno. Outro aspecto a ser considerado é o desempenho do consumo interno. Apesar das dúvidas quanto ao modelo econômico atual, a geração de emprego formal e a queda da taxa de desemprego permitiram o crescimento do consumo interno e, por consequência, menos excedentes para exportações", completa Cafeo.
