COLUNISTA

Paz no mundo

Por Hugo Evandro Silveira |
| Tempo de leitura: 4 min
Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

No sábado passado, Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, foi alvo de um atentado durante um comício. Na quinta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conhecido por suas posturas chavistas, emitiu "avisos" de que, se não vencesse as eleições presidenciais em 28 de julho, ocorreria um "banho de sangue". Os conflitos em Gaza desencadearam uma absurda perseguição global contra os judeus, evocando memórias sombrias do período anterior à Segunda Guerra Mundial. A guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, permanece sem sinais de cessar-fogo após dois anos de hostilidades. Choques armados de grande escala estão atualmente em curso em Burkina Faso, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Nigéria e Síria. "É seguro dizer que há pelo menos oito ou dez guerras em andamento", afirma Therese Petterson, coordenadora do Programa de Dados de Conflitos de Uppsala (UCDP). Nas grandes cidades, os conflitos urbanos se agravam devido à criminalidade, ao narcotráfico, à violência, ao crescimento desordenado, à expansão urbana, às moradias inadequadas, aos hospitais superlotados, ao transporte público insuficiente, aos diversos tipos de poluição, à produção excessiva de lixo, à educação de baixa qualidade e à desigualdade social.

Ao refletir sobre esses eventos, constato que todas as décadas da minha vida foram pontuadas por notícias de guerras e conflitos. Embora haja um desejo universal de paz, a realidade é marcada pela persistência da guerra. Paz no mundo? Não! Infelizmente, guerra! A Bíblia nos instrui a buscar a paz e o bem-estar de nossas cidades, orando por sua economia, segurança, liderança e habitantes. Rogamos pela prosperidade financeira de nossos semelhantes, para que desfrutem de segurança e paz. Intercedemos pela proteção de todos os cidadãos. Clamamos por sabedoria aos governantes, para que possam exercer sua liderança com eficácia e justiça. Ao mesmo tempo, pedimos pela paz interior de cada indivíduo. Orar pela paz é, essencialmente, invocar a realização da vontade de Deus na terra, assim como é feita no céu (Mateus 6.10). A busca pelo verdadeiro e pleno bem-estar de uma cidade só pode ser concretizada quando seus habitantes encontram a paz em nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5.1). Este apelo à oração e à ação se fundamenta na convicção de que a paz e a prosperidade de uma nação estão indissoluvelmente ligadas a esforços tanto espirituais quanto práticos. A intercessão divina, portanto, emerge como um pilar crucial para a sustentação da paz.

Considerando esse cenário atual, somos levados a refletir sobre a mensagem do Natal que proclama "paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem" (Lucas 2.14). Essa frase significa: "Paz na terra para aqueles com quem Deus está satisfeito". Aqueles que não agradam a Deus jamais encontrarão Sua paz, e a única maneira de agradá-Lo é pela graça, através da cruz de Cristo e da ressurreição. A paz verdadeira vem pela graça, e essa graça é alcançada pela confiança na promessa de vida eterna de Deus em Cristo. A paz que recebemos de Deus, que temos com Deus e que vivemos através de Deus é inteiramente fruto da graça divina, e não de nossos próprios méritos. O anúncio natalino, portanto, é uma manifestação da promessa da graça de Deus, lembrando-nos de que a verdadeira paz é um dom divino, disponível a todos que buscam a Deus com fé e sinceridade.

É inquestionável que a possibilidade de ações pacíficas decorre exclusivamente da graça comum de Deus que permeia a Terra, sendo esta graça totalmente desprovida de qualquer mérito humano. Quando o ser humano é dominado pelo orgulho, não apenas falha em desfrutar de paz em si, mas também em promovê-la de forma eficaz. Somente quando atingirmos um estado em que Deus se regozije com nossa resposta humilde à Sua graça, poderemos começar a mitigar o tumulto e a conflagração ao nosso redor. A verdadeira paz é, portanto, alcançada através da humildade diante da graça recebida. Na arrogância humana, a guerra persistirá; no entanto, sob o domínio do "Príncipe da Paz" (Isaías 9.6), a justiça e a paz serão efetivamente instauradas. Os pobres e oprimidos encontrarão alívio, e cada um viverá pacificamente de acordo com suas vocações (Mt 5.5-10; Mt 11.28-30; Jo 17.20-23; Fp 1.6). Como afirma Romanos 14.17, "o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo". Somente através do Espírito Santo é que podemos vislumbrar a realidade do Reino eterno de Jesus, um reino caracterizado por justiça, paz e alegria, mesmo que ainda estejamos em meio a um mundo sombrio, marcado por conflitos.

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