OPINIÃO

Reocupação do Centro da cidade

Por Edmilson Queiroz Dias |
| Tempo de leitura: 2 min
O autor é arquiteto e urbanista

"Cidades têm a capacidade de fornecer algo para todos apenas quando esse algo é criado para todos" (Jane Jacobs).

Trata-se de reocupar o centro da cidade como polo de atração para os moradores da cidade, revitalizando espaços urbanos com novas atividades de uso e ocupação do solo, aproveitando-se a infraestrutura urbana já implantada, consolidada, disponível, porém ociosa, e transformando uma área em franco processo de decadência em novamente habitável, ativa, dinâmica, segura e valorizada.

Quando o centro da cidade se torna essencialmente comercial ou prestador de serviços há uma tendência em ser movimentado somente durante as horas do dia (no horário comercial) e esvaziado de pessoas e atividades no período da noite. Tornando-se ermo e trazendo a sensação de insegurança no período noturno.

Os espaços urbanos estão em constante processo de transformação social e econômica, sujeitos a mudanças causadas pelo deslocamento de interesses e transformações demográficas ou, por falta de políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento, manutenção e preservação das suas funções e atividades socioeconômicas.

Mas como repovoar o centro da cidade? Faz-se necessário a implementação de um planejamento amplo, estabelecendo diretrizes e prioridades, que contemplem as atividades sociais, econômicas e incentivo a moradia como ação para revitalizar e/ou requalificar o centro comercial, trazendo ao centro o desenvolvimento e a vida de volta, durante o dia e noite.

O centro oferece toda a infraestrutura urbana necessária, atualmente subutilizada, assim como serviços e acesso a bens de 1ª necessidade, próximos para quem morar e viver neste lugar - morando no centro é possível obter o básico para a vida em poucos minutos, sem o uso do automóvel, sem perda de tempo, praticidade, comodidade e volta do sentimento de segurança.

Para isso acontecer, é imperativo que se promova a urgente confecção do novo plano diretor da cidade (vencido em 2018) com direcionamento para o desenvolvimento sustentável, assim como da lei de zoneamento da cidade (esta já com 42 anos), estabelecendo nova forma de ocupação do solo no centro comercial, principalmente com incentivos aos investimentos em moradias, atividades produtivas, de lazer e recreação.

Como estratégia, os serviços públicos municipais podem ser transferidos para o centro da cidade, ocupando áreas e edifícios históricos atualmente abandonados, assim como edifícios particulares desocupados, provocando uma maior presença de pessoas circulando, consumindo, gerando empregos, salários e renda, fomentando recursos com a revitalização urbana. Favorecido com o aproveitamento da infraestrutura disponível, incluindo o transporte público que liga o centro a todos os bairros da cidade.

Dessa forma, a pressão pela expansão urbana pode ser reduzida significativamente, reduzindo os altos custos da extensão e manutenção da infraestrutura urbana, assim como as distâncias a serem percorridas diariamente para ir às compras de bens de consumo, ao trabalho ou levar crianças e adolescentes à escola ou atividades diárias. Contribuindo para uma cidade sustentável, centrada nas pessoas.

Em síntese, há a necessidade de uma ressignificação do centro da cidade com uso misto de comércio, serviços e moradia, para esta voltar a ter vida - Dia e noite!

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