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OPINIÃO
Nota de Repúdio ao artigo 'Uniforme=Inclusão=Igualdade'
Por Professora Daniela Certo | 15/06/2024 | Tempo de leitura: 2 min
Prezada Sra. Catarina. Venho, por meio desta carta, expressar meu repúdio em relação à carta enviada pela senhora, como diretora da Associação de Pais para Integração Social e Escolar da Criança Especial, sobre a recente distribuição de uniformes pela prefeitura.
Inicialmente, é lamentável notar que a senhora se refere às crianças como "deficientes mentais", uma terminologia pejorativa e inadequada que contraria os princípios da verdadeira inclusão.
A forma correta é "pessoa com deficiência", pois coloca a pessoa antes da sua condição, ressaltando a importância da dignidade e do respeito a que todos têm direito. Este tipo de linguagem não apenas perpetua estigmas, mas também contradiz qualquer tentativa genuína de promover a inclusão.
Além disso, a utilização de dinheiro público para a distribuição de uniformes e mochilas é, na verdade, um descaso com a verdadeira inclusão. A educação especial demanda investimentos muito mais abrangentes e estruturais que não estão sendo atendidos.
Faltam suportes essenciais, como profissionais capacitados, materiais didáticos adaptados, acessibilidade física e tecnológica, e programas de desenvolvimento específicos que permitam às pessoas com deficiência alcançar seu pleno potencial.
Adicionalmente, os elogios dirigidos ao secretário da educação, ao invés de enaltecer uma suposta contribuição, reforçam a superficialidade das ações tomadas. Ao destacar um gesto paliativo como um grande avanço, ignora-se a profunda carência de políticas públicas efetivas e contínuas que realmente transformem a realidade das pessoas com deficiência.
Elogiar tais medidas apenas desvia o foco das verdadeiras demandas e perpetua a manutenção do status quo, sem enfrentar os desafios reais que a educação especial enfrenta diariamente.
Acreditar verdadeiramente na inclusão de pessoas com deficiência significa defender um sistema educacional que forneça as condições necessárias para o desenvolvimento integral desses sujeitos, para que possam viver de forma plena e inclusiva na sociedade.
Ações superficiais, como a distribuição de uniformes, mascaram a verdadeira necessidade de mudanças estruturais e funcionam apenas como um "pão e circo", tentando criar uma falsa impressão de progresso enquanto as reais necessidades continuam a ser negligenciadas.
Por fim, reafirmo a necessidade urgente de um compromisso verdadeiro e efetivo com a inclusão, que passe pela transformação real das condições educacionais e sociais das pessoas com deficiência.
Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva.
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