OPINIÃO

Chuva dos 500 anos

Por Shigueko Sakai |
| Tempo de leitura: 2 min

"Chuva dos quinhentos anos". Sim. Foi com base nessa frase, numa das ocasiões de inspeção das águas, fui orientada por admirável Yochino Nakasato, na época funcionária, engenheira do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica). Instruiu-me a alargar a desembocadura para no mínimo oito metros para preservar a represa do Sítio Sakai construída por meu pai, Shozo.

Para proteger a represa construída por Shozo Sakai ao longo dos vinte anos, nos idos de 1993 a 1998, desde a época da construção da Vila Fortunato Rocha Lima, ele precisou construir um canal em paralelo à represa para desviar águas das enxurradas vindas do alto em razão da terraplenagem sem qualquer cuidado com as propriedades dos vizinhos da parte baixa. Pedido feito para o Ministério Público para mover ação civil pública em face do município de Bauru e Cohab, simplesmente foi arquivado. Em seguida, Sr. Shozo foi denunciado por crime ambiental e precisou se defender contra a ação penal pública. Só foi arquivado o processo quando informei ao MM. Juiz e confirmou, na ocasião de uma audiência, de fato, ter o promotor arquivado o pedido.

Em continuidade à conservação e proteção da represa, com observação feita por maquinista, Aparecido Spanholo, corrigi a erosão no início da barragem que ia alargando em razão do grande volume que vinha do alto em razão da impermeabilização da área com a construção das casas urbanas a cada enxurrada. Além dessas águas, tem nascente logo abaixo, no início da barragem. Posso afirmar que joguei toneladas de pedras marroadas mais pneus velhos para segurar as terras e diminuir e conter a erosão que já ultrapassava 3 metros de altura do solo, abaixo da represa.

Consegui diminuir para menos de um metro. Assim eu protejo as águas represadas do Sítio Sakai. Já tenho autorização do Estado a retenção das águas. Acredito, com o alargamento de pouco mais de 8 metros feito na desembocadura há de suportar a "chuva dos quinhentos anos". A catástrofe que está ocorrendo no Rio Grande do Sul que já passou por essa ocorrência de inundação nos idos de 1941, possivelmente seria evitada tomando-se providências necessárias. Tem infinidades de pedras a extrair das montanhas. Com dinamite e maquinários que temos hoje, as pedras maciças extraídas das montanhas em nome da proteção aos povoados são suficientes para proteger todas as cidades inundadas. Com certeza, teria custado menos do que os bilhões de reais necessárias para a reconstrução das cidades, sem ter perdido vidas. Seria essa catástrofe o significado de "Chuva dos Quinhentos Anos"? Precisamos aprender a nos valermos ao máximo da natureza a nós oferecida e sabermos contornar as situações esperadas e inesperadas advindas seja da natureza, seja da obra humana.

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