EM DOIS ANOS

Número de mulheres que trabalham como motoristas em Bauru cresce 46%

Segundo o Detran-SP, 11.210 condutoras exercem atividade remunerada na cidade, atualmente; em 2022, elas eram 7.682

Por Tisa Moraes | 02/05/2024 | Tempo de leitura: 3 min
da Redação

Arquivo pessoal

Fernanda Barreto tornou-se motorista para conseguir custear transporte dos filhos Lucca e Caio
Fernanda Barreto tornou-se motorista para conseguir custear transporte dos filhos Lucca e Caio

O número de mulheres que trabalham como motoristas em Bauru cresceu 46% em apenas dois anos. Segundo o Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo (Detran-SP), são 11.210 condutoras com a observação Exerce Atividade Remunerada (EAR) inclusa na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O dado é de fevereiro de 2024, referente à última atualização da base de dados do órgão.

No mesmo mês de 2022, apenas 7.682 moradoras da cidade atuavam no ramo. Já em 2023, o volume saltou para 9.279 condutoras e voltou a ter alta de 20%, chegando ao contingente atual. Na comparação com o grupo de homens que usam o veículo como ferramenta de trabalho - e ainda são maioria neste setor -, o aumento entre as mulheres é significativamente maior.

De 2022 a 2024, o número saltou de 25.262 para 30.134 moradores do gênero masculino com EAR na CNH, alta de 19%, sendo que, no último ano, o aumento foi de 9%. De acordo com a base de dados do Detran-SP, atualmente, 11% das mulheres e 23% dos homens exercem atividade remunerada como motoristas.

A inclusão da observação EAR na CNH é uma exigência de empresas que contratam profissionais como motoristas de aplicativo de transporte de passageiros, taxistas, motoristas de ônibus e caminhões, motofretistas e mototaxistas. E o crescimento deste tipo de registro coincide com a pandemia de Covid-19, que ampliou a demanda dos serviços de delivery, e com a disseminação dos aplicativos de transporte.

SONHO

É um cenário que permitiu a muitas mulheres, como Fernanda de Jesus Barreto, 37 anos, uma nova fonte de renda. No caso dela, foi também uma estratégia de economia que proporcionou a continuidade da realização do sonho do seu filho primogênito. Lucca, 10 anos, começou a fazer natação na Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA) em 2018, no Centro de Treinamento da Associação Desportiva Polícia Militar (ADPM), no Núcleo Geisel, bairro onde a família mora.

"Pela proximidade e pelo fato de ele ir só duas vezes por semana, era mais fácil conciliar os horários. Mas, no ano passado, ele foi transferido para a sede principal, no Jardim Solange, e passou a treinar de segunda a sexta", relata.

Para solucionar a situação, ela e outras três mães de alunos da ABDA que residem na região do Geisel se cotizaram e contrataram um motorista mensalista. Porém, o profissional reajustou o valor do serviço no início de 2024 e houve desistência de uma das mães.

SOLUÇÃO

Fernanda, que atuou como supervisora em empresas de recuperação de crédito e vendedora, já tinha parado de trabalhar e passou a cuidar da logística de levar e buscar Lucca e o filho mais novo, Caio, 4 anos, em suas respectivas escolas, além de transportar o primogênito à ABDA, no período da tarde.

"Neste ano, o Lucca passou a fazer natação de segunda a sábado e academia na associação duas vezes por semana. Não teria mais condições de custear o deslocamento dele e, em fevereiro, resolvi mudar minha CNH para EAR. Comecei a trabalhar com aplicativo de transporte e, graças a Deus, além de não estar mais comprometendo o orçamento de casa com combustível, ainda está entrando um dinheirinho extra", comemora.

Fernanda recebe apenas passageiras mulheres no período da manhã, depois que deixa os filhos na escola até antes do horário de buscá-los e, à tarde, prioriza o trajeto entre a ABDA e o Núcleo Geisel. "Quando deixo o Lucca na associação, coloco como destino o Geisel, o aplicativo mostra as corridas solicitadas neste trajeto e volto para casa levando passageira. Foi a forma que encontrei para não tirar meu menino do esporte, que está treinando para, quem sabe, se tornar um atleta", explica.

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