OPINIÃO

Desinformação nas eleições municipais

Por Zarcillo Barbosa | 27/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Em outubro vamos ter eleições municiais, uma das maiores do planeta em número de candidatos. São esperadas 150 mil postulantes aos postos de vereador, prefeito e vice, disputando os votos de mais de 156 milhões de eleitores em 5.570 municípios.

O grande desafio estará à conta dos marketeiros, que terão que reinventar novas formas de fazer campanha política, diante das restrições severas impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A intenção das autoridades é a de combater a desinformação e proteger o processo eleitoral, um dos pilares da democracia.

As "fake News" e a propaganda descontextualizada deixarão, definitivamente, de circular nas redes sociais. Em 2018, na eleição para presidente da República, Bolsonaro reinou absoluto nos meios eletrônicos, com o filho Carlos no comando de especialistas. "Zero Dois", vereador no Rio de Janeiro, foi decisivo para o sucesso do ex-capitão que tinha menos de dez segundos na propaganda eleitoral de TV e fez sua campanha, basicamente, pelas plataformas digitais.

As novas e severas exigências do TSE, vão obrigar os candidatos a priorizarem outras formas de comunicação. Quem sabe a volta ao velho corpo-a-corpo com o eleitorado. Amassar barro na periferia sempre foi eficiente. A dona de casa adora quando o candidato prova, e elogia, o seu bolo de fubá. Ameaça voltar a utilização maciça do "santinho". Dinheiro à larga, como sempre, será fator preponderante de sucesso. As produtoras de Rádio e TV serão ainda mais valorizadas. Valem ouro os profissionais que sabem usar cada segundo do horário de propaganda gratuita. Convencer, e às vezes comover o eleitor, é uma arte. Nem é preciso mentir.

Qualquer material gerado por Inteligência Artificial (IA), deve estar claramente marcado a fim de que os eleitores possam identificar sua origem. É o que diz a resolução do TSE do mês passado. As chamadas "Big Techs", no Brasil, comprometeram-se a ajudar as autoridades. Google, YouTube e a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, não se opõem ao que alguns chamam de censura. Preparam ferramentas com algoritmos (IA), para barrarem, automaticamente, toda postagem suspeita. As empresas constituíram agências de checagem para a peneira fina. Aceitam que o Tribunal quer garantir a transparência e a integridade do processo eleitoral, evitando a disseminação de desinformação.

O conceito de liberdade de expressão, cláusula pétrea em várias constituições, inclusive a nossa, vai perdendo a sua aura de sacralidade no Ocidente. Nos Estados Unidos, o país mais liberal do mundo, o presidente Joe Biden acaba de sancionar lei obrigando a TikTok a cortar laços com a China, sob risco de ser banida. Os empresários chineses da plataforma com 170 milhões de usuários mensais, vão ter que passar o controle para investidores americanos. Naquele país, estrategistas do Pentágono temem que o sistema na mão do "inimigo", pode pôr em perigo a integridade jurisdicional da pátria. São 170 milhões de pessoas/mês que se utilizam do TikTok para se comunicarem.

Aqui no Brasil, resolução do TSE adverte que as redes sociais serão "solidariamente responsáveis, civil e administrativamente", se não removerem imediatamente os conteúdos considerados de risco pela Corte, e criminalmente por fatos notoriamente inverídicos.

Na Finlândia, o governo há dez anos vem patrocinando cursos que ajudem estudantes, trabalhadores, servidores e, em especial, jornalistas, a entender melhor a complexa paisagem digital de hoje. As lições incluem como identificar imagens manipuladas, como verificar informações fora de contexto, como checar dados, como identificar robôs em perfis falsos e por aí vai.

Melhor que censurar é promover a educação midiática e o letramento digital.

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