CRÔNICA

O ancestral do 1º de maio

Por Jeremias Alves Pereira Filho | 27/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
Especial para a Folha da Região

Nesse ano a efeméride cairá na quarta-feira da próxima semana. Mas nem sempre foi alusiva ao Trabalho ou ao Trabalhador. Pelo contrário(ôpa!), pois se referia a data ao verde, o surgir do Sol, o anúncio da Primavera. Dia de festividade, alegria e liberdade, começo de estação. E a flor que simbolizava – e simboliza – o verde e a luz do Sol é o Muget, que literalmente significa “retorno da felicidade” e botanicamente é a flor de uma planta herbácea, originária de regiões temperadas, que floresce na Primavera, na França, e é celebrada no dia 1º de Maio. E assim foi do século XIII ao XIX, com os franceses usando a flor verde na lapela e as mulheres portando o “ramilhete de muget”. E aí de quem ousasse sair às ruas de Paris sem esse adereço...

Fato é que revoltosos operários de Chicago/USA, nos idos de 1º de maio 1886, batalhavam para obter decente jornada de trabalho de 8h diárias em contrapartida com a desumana carga de 13h. Tiveram que recorrer a greves sangrentas durante longo tempo, até eclodir no sacrifício dos “Mártires de Chicago” no exato 11 de novembro de 1887, ocasião em que quatro dos seus líderes foram enforcados e outros três condenados  trabalhos forçados por toda a vida.

Enquanto isso, o mesmo movimento agitava a França até desencadear no trágico 1º de maio de 1891, quando, convocados pelo Congresso Operário Internacional em homenagem à luta sindical de Chicago, ao menos 10 manifestantes foram mortos pela brutal repressão policial. A data, marcada pela sombria ocorrência, passou a ser denominada como Dia do Trabalhador, em louvor aos sacrificados operários. Outros “primeiro de maio” ainda mais violentos e brutais se seguiram, mesmo depois de obtidas as reivindicações trabalhistas no Congresso de Bourges, em 1904.

Com o tempo passando e a sociedade civilizando(?) as coisas(aarrgh!) foram se ajeitando e o Primeiro de Maio, embora mantivesse firme o propósito trabalhista, gradativamente voltou a significar o “retorno da felicidade”, com o festejo  da liberdade e das melhores condições de vida  a todos. No Brasil, a efeméride foi instituída pelo presidente Arthur Bernardes, através do Decreto no. 4859. Na França, o “ramilhete de muget” continua vicejando e celebrando o início da Primavera e o Dia do Trabalhador. Virou Dia da Confraternização Mundial, depois Dia Mundial da Paz, por proposta do Papa Paulo VI, reconhecida e oficializada pela ONU – Organização das Nações Unidas. E que se espalhe fraternal celebração por todos os cantos!

PS: infelizmente faleceu dia 23/04 o querido cantor, violeiro e seresteiro Mario Eugênio, que adocicou os ouvidos de três gerações de araçatubenses. Esta já uma triste “efeméride”... Saravá, Mario Eugênio!


Jeremias Alves Pereira Filho - Sócio de Jeremias Alves Pereira Filho Advogados Associados; Especialista em Direito Empresarial e Professor Emérito da UPM-Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Araçatubense nato.

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