Dados publicados ontem no The New England Journal of Medicine" mostraram que a vacina para prevenção da dengue em desenvolvimento pelo Instituto Butantan comprovaram uma eficácia de 80,1% em crianças de 2 a 6 anos.

Já na faixa dos 7 aos 17, o imunizante demonstrou eficiência de 77,8%; e entre as pessoas com 18 a 59, a taxa de eficácia chegou a 90%. O estudo de fase 3 do imunizante chegou a 16,235 voluntários, com aplicação do imunizante (neste momento experimental) e controle por meio de grupo placebo.

O material publicado mostra a efetividade da vacina ao longo de dois anos. A pesquisa, porém, já se prolongou por mais tempo. O último dos voluntários a receber uma dose (ou placebo) completará cinco anos desde a aplicação no próximo mês de junho. A partir dessa data, o Butantan deve finalizar os documentos necessários para o dossiê requerido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para autorizar o uso da vacina no país. A previsão do centro de referência em imunizantes é entregar o material necessário à agência ainda neste ano.

O mesmo estudo retoma um dado já divulgado pelo Butantan anteriormente: em única dose, a vacina tem eficácia de 79,6% de proteção contra a infecção pela dengue. O mesmo imunizante é capaz de promover alta proteção aos pacientes que não tiveram qualquer contato anterior com a doença (73,6%). Entre os que já foram infectados a proteção é ainda maior (89,2%).

"Os dados agora refletem os dois primeiros anos de aplicação. O estudo completo chegará a cinco anos de acompanhamento", afirmou Esper Kállas, diretor do Butantan.

Kállas explica que o Instituto fará o pedido de uso da vacina à Anvisa considerando todo o público que fez parte da pesquisa. Ou seja, pessoas dos 2 aos 59 anos. O risco da doença, porém, se mostra menos relevante frente aos adultos jovens, com boas condições de saúde.

"O problema maior está nos extremos de idade (entre os mais jovens e mais velhos). As outras vacinas aprovadas, porém, têm problemas justamente com essas faixas, principalmente com as crianças. Os dados que apresentamos são encorajadores e mostram que a eficácia nas crianças é ótima. A proteção também se comportou muito bem, independente da pessoa ter sido exposta anteriormente ou não", completa.

No material apresentado pelo The New England Journal of Medicine, os resultados de eficácia são contabilizados a partir de 28 dias após a aplicação da vacina, que é de dose única. Kállas explica que para além do desenho no ensaio clínico é possível considerar que a vacina comece a produzir resposta imune num período anterior a isso.

"Considerando quando os participantes do ensaio começam a ter reações da vacina, o que reflete que ele está tendo resposta imune vacinal, o tempo foi por volta dos 9 dias após a aplicação, quando aparecem esses indicativos. É bem rápido!", esclarece.

COMO EVITAR

Para evitar a proliferação do Aedes, transmissor da dengue, não deixe água parada em pneus, vasos de plantas, garrafas e outros recipientes que possam permitir a reprodução do mosquito. Tape os tonéis d'água, mantenha as calhas limpas, deixe garrafas e recipientes com a boca para baixo, limpe semanalmente e encha os pratos de vaso de plantas com areia, mantenha lixeiras bem tampadas, ralos limpos, com aplicação de telas, além de colocar lonas sobre material de construção e nas piscinas sempre esticadas para não acumular água. Todos os dias fazer uma varredura de 15 minutos na sua casa e quintal para ver se não tem criadouro do mosquito.

SINTOMAS E TRATAMENTO

Febre alta

Dor no corpo e nas articulações

Dor atrás dos olhos

Mal-estar

Dor de cabeça

Manchas vermelhas no corpo

Repouso

Ingestão de líquidos

Tomar soro em caso de indicação médica

Procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou de pelo menos um sinal de alarme;