O fantoche Juquinha e seu inimigo, o personagem do mosquito da dengue, visitam escolas de Bauru para conscientizar as crianças sobre a importância de lutar contra o Aedes aegypti. Em um teatro interativo, agentes de combate às endemias da Secretaria de Saúde explicam como os pequenos podem evitar a reprodução do inseto que, somente em 2024, foi responsável por infectar mais de 900 pessoas no município e provocar uma morte. Por fim, os pequenos acabam por replicar o trabalho dos profissionais.

O projeto "Bauru Contra a Dengue" forma agentes mirins e foi idealizado por Sérgio Roberto Alves Calero, 53 anos, e Cinthia da Cruz Gamela, 45, há cerca de dois anos. De acordo com os servidores, a ideia surgiu após perceberem que parte da população oferecia resistência para permitir a entrada dos profissionais que buscam eliminar os focos da dengue.

"As pessoas viam a gente do modo errado, como um incômodo. Vendo a necessidade de falar com elas, pensamos nas escolas e nas crianças como uma ponte para os adultos", conta Cinthia.

Sérgio explica que são realizadas brincadeiras pedagógicas com as crianças, além de danças que contam sobre a reprodução dos mosquitos. Uma agente fantasiada de mosquito da dengue brinca com os pequenos para "assustá-los" com a possibilidade de serem picados. Ao final, todos recebem um pequeno crachá que os habilita a "supervisionar" o trabalho de combate à doença no interior de suas casas.

Na avaliação da dupla, as crianças se tornaram parceiras. Além de chamarem a atenção dos pais para que permitam a entrada dos agentes, os pequenos ainda fiscalizam a casa, indicam os locais de água parada que devem ser cuidados e chamam a atenção dos mais velhos quando percebem lixo sendo descartado de forma inadequada.

Em 2023, o projeto conseguiu visitar todas as Emeiis de Bauru, graças ao apoio da Secretaria de Educação, que soube da iniciativa e decidiu apoiar agendando previamente as visitas nas unidades de ensino. Atualmente, 20 servidores da Saúde se dedicam ao "Bauru Contra a Dengue".

Neste ano, eles pretendem atender, também, escolas e creches particulares do município. Os interessados em recebê-los em instituições particulares podem entrar em contato pelo telefone (14) 99129-9907 e agendar uma visita. Eles podem fazer visitas em quaisquer unidades de ensino, independente do porte ou quantidade de alunos.

A ex-vereadora Maria Helena Catini, de 81 anos, conheceu o projeto em uma visita dos servidores em sua creche. Ao JC, ela destacou a importância da adesão popular a projetos como esse. "Na época em que atuei, percebi que o problema não estava só no poder público, mas também na falta de conscientização da população", afirma.