POLÍTICA

Vereador questiona indicações de líderes para as doações do “Cidade Solidária”

Meira vê possibilidade de uso político na iniciativa promovida pelo Fundo Social de Solidariedade, presidido por Lúcia Rosim

Por André Fleury Moraes | 14/02/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação

Pedro Romualdo/Câmara de Bauru

Ao fundo, Coronel Meira (União Brasil) e Iara Costa (Podemos) durante reunião na semana passada
Ao fundo, Coronel Meira (União Brasil) e Iara Costa (Podemos) durante reunião na semana passada

A Prefeitura de Bauru não utiliza dados técnicos da Secretaria de Bem-Estar Social (Sebes) como critério de distribuição de alimentos e roupas no programa "Cidade Solidária".

O projeto é uma iniciativa do Fundo Social de Solidariedade, presidido pela mãe da prefeita Suéllen Rosim (PSD), a bispa evangélica Lúcia Rosim, e promove em bairros da periferia local para distribuir suprimentos básicos.

A iniciativa, no entanto, utilizaria indicações de lideranças comunitárias para selecionar aqueles que poderão ou não receber esses auxílios - situação levantada pelo vereador Coronel Meira (União Brasil), que vê dois problemas em especial nessas indicações.

O primeiro, segundo ele, é o esvaziamento do trabalho da Sebes, cuja base de dados poderia apontar para os bairros e as pessoas que realmente precisam das doações. O segundo, por sua vez, é o risco de que a falta de critérios técnicos faça do programa uma iniciativa eleitoreira.

Meira e a então vereadora em exercício Iara Costa (primeira suplente do Podemos) promoveram uma reunião pública na Câmara de Bauru na semana passada para discutir o assunto.

A informação de que o programa usa indicações de lideranças comunitárias veio dos próprios servidores da prefeitura, convocados para participar da discussão na Casa, após questionamento do vereador Meira.

"É feito um contato com uma liderança comunitária daquela região e geralmente é esse líder que faz a indicação [de aqueles que receberão os suprimentos]", disse uma diretora de divisão da Sebes durante a reunião pública.

A Secretaria de Bem-Estar Social admitiu ao longo da discussão que não tem controle sobre quem seriam esses líderes comunitários, mas afirmou que "a partir do momento em que o evento [Cidade Solidária] começa, as pessoas que estão ali têm acesso aos alimentos".

O programa chegou à quarta edição no mês passado durante uma ação no bairro Pousada da Esperança 2. Um vídeo mostra a prefeita Suéllen Rosim (PSD), que deve se candidatar à reeleição, participando da entrega das doações.

Meira requereu mais informações à prefeitura e pretende aprofundar as investigações sobre as circunstâncias em que ocorrem as entregas desses alimentos. "Vamos aguardar, mas, ao que consta, não há critérios técnicos para a definição das pessoas que recebem os alimentos e que seriam mobilizadas por líderes comunitários, em atividades com cara de 'festa política'", escreveu em publicação nas redes sociais após a reunião.

CESTA BÁSICA

A reunião também discutiu o encerramento do contrato da administração com a responsável pela emissão dos "cartões-alimentação" - que substituíram as cestas básicas e garantiram maior controle da Sebes sobre famílias em situação de vulnerabilidade.

O problema é que o contrato venceu e o governo ainda não finalizou um edital para contratar um novo fornecedor. Enquanto isso, a Sebes voltou a entregar cestas básicas - mas o número de atendidos é muito inferior se comparado à quantidade de beneficiados do cartão.

"Ficou claro que o modelo do cartão alimentação é mais vantajoso, pois atendia cerca de 1.800 famílias, enquanto apenas 550 cestas básicas foram entregues no mês de janeiro, contemplando um número muito menor de pessoas em situação de vulnerabilidade. Quem tem fome tem pressa", disse o vereador Meira.

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