EM BAURU

Vigilância Sanitária pede suspensão das aulas na Dirce; governo sinaliza manter

Recomendação consta em laudo de inspeção; administração diz que medidas foram tomadas e que nada impede o uso do prédio

Por André Fleury Moraes | 10/02/2024 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação

Joabe Guaranha/Prefeitura de Bauru

Nilson Ghirardello, secretário de Educação de Bauru: parte dos alunos não recebeu material
Nilson Ghirardello, secretário de Educação de Bauru: parte dos alunos não recebeu material

A Vigilância Sanitária de Bauru pediu à prefeitura que suspenda o retorno do ano letivo na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dirce Boemer Guedes de Azevedo, cujo prédio enfrenta uma possível infestação de ratos. O órgão constatou em vistoria no local "fezes semelhante às dos roedores".

A recomendação pela paralisação das atividades da instituição de ensino consta do laudo elaborado pelo órgão após uma vistoria no local realizada na última quarta (7). Apesar da conclusão da Vigilância, o governo sinaliza que vai manter a retomada do ano letivo na Emef e diz que medidas foram tomadas (leia nesta página).

Segundo o relatório de fiscalização, há possível infestação de roedores em pelo menos duas salas de aula: a sala 3, do 5.º ano (quarta série) A e C, e a sala 9, do 4.º ano matutino e do 5.º ano vespertino.

A primeira, de acordo com o laudo, "conta com armário com materiais pedagógicos, possui forro em madeira que se apresentava muito danificado, o ventilador não estava funcionando e havia resíduos semelhantes a fezes de roedores espalhados sobre o piso".

O relatório afirma também que a porta desta sala apresentava sinais de descascamento na pintura e uma das janelas se encontrava com um dos vidros faltando. À exceção da porta e da janela quebrada, a sala 9 enfrenta os mesmos problemas segundo aponta a Vigilância Sanitária.

O órgão ressalta, porém, que os demais cômodos estavam "limpos e em condições satisfatórias" quando da fiscalização.

"Contudo, devido à constatação de grande quantidade de resíduos semelhantes a fezes de roedores espalhados sobre o piso nas salas 3 e 9, esta Vigilância sugere que as aulas estejam suspensas até que sejam providenciadas a limpeza e desinfecção destes ambientes e realizada investigação e eliminação deste foco, adequando imediatamente quanto as pendências descritas neste relatório", observa o documento expedido pelo órgão de inspeção sanitária.

Além da questão dos ratos, o órgão também apontou para outras deficiências do local. Especialmente no que tange ao forro da escola, que está danificado em praticamente todos as salas de aula da instituição de ensino, de acordo com o laudo.

Na área de serviço da escola, enquanto isso, o revestimento sequer existe e o local enfrenta goteiras nos dias de chuva. No refeitório também foram encontrados vestígios nesse sentido. Na chamada "sala de recursos", localizada no bloco 2 da Emef, o forro está caindo.

Problemas relacionados a ventiladores também foram apontados. O equipamento funciona plenamente em apenas duas salas de aula - o restante ou não funciona ou está em condições precárias.

Já na área externa, segundo o laudo da Vigilância, há impasses relacionados à acessibilidade das pessoas com deficiência (PCD) e falta de capinação - entrave contra o qual o órgão pediu providências.

"De forma a complementar as providências a serem atendidas, orientamos também quanto a contratação de não somente o serviço de desinsetização e desratização, mas também do controle integrado de pragas, de modo a criar mecanismos para prevenção de entrada de animais sinantrópicos [silvestres] no estabelecimento", conclui a Vigilância.

A inspeção realizada na Emef ocorreu após uma diligência das vereadoras Estela Almagro (PT) e Iara Costa (Podemos) no local. Num vídeo publicado nas redes sociais das parlamentares é possível ver fezes de rato em salas de aula equipadas com mesas e cadeiras recém-compradas.

O diretor da instituição, Wagner Antônio Júnior, confirmou os problemas ao JC e disse à reportagem na quarta-feira (7) que chegou a alertar o secretário de Educação, Nilson Ghirardello, a respeito da infestação de ratos ainda no ano passado, mas que a situação não mudou.

A pasta diz que realizou ações de dedetização e desratização no local — medida confirmada pela Vigilância Sanitária — e que iria promover novos procedimentos nesse sentido.

Prefeitura sugere manter retomada do ano letivo, apesar do relatório

Em nota encaminhada ao JC na tarde desta sexta-feira (9), a Prefeitura de Bauru afirmou que "a inspeção sanitária esteve na Emef Dirce Boemer Guedes de Azevedo, na Vila Santa Luzia, e apontou algumas questões que a Secretaria de Educação prontamente resolveu"."O relatório não confirma que as fezes encontradas no local são de ratos. Também aponta para a retomada das atividades na escola após as adequações e nova inspeção que ocorrerá na quinta-feira (15)", prossegue.

O texto também diz que "restam algumas situações que necessitam de um prazo para a resolução". A administração ressaltou também que "nada impede o início das aulas e o uso pleno do prédio da escola", mas não informou se a decisão de retomar o ano letivo já está tomada. "Os problemas foram apontados em duas salas da escola, que já passaram por limpeza e a Secretaria da Educação já informou a Secretaria de Saúde a respeito das providências adotadas para a liberação das aulas", menciona.

Parte dos materiais escolares e os uniformes ainda não chegaram

Apesar do retorno ao ano letivo municipal, que se iniciou na terça-feira (6), parte dos alunos das unidades de ensino de Bauru ainda não recebeu os materiais escolares dos alunos.

A informação veio do próprio titular da pasta, Nilson Ghirardello, durante entrevista ao programa Cidade 360.º, uma parceria entre o JC e a 96FM.

Segundo o titular da pasta, a Educação fornecerá lápis e cadernos aos alunos enquanto o material não chega às escolas. Também há problemas relacionados aos uniformes, cuja entrega atrasou.

Em nota encaminhada ao JC, a administração afirmou "que a assinatura do contrato com vencedora da licitação responsável pelo fornecimento dos uniformes está em fase final, com previsão de entrega para o início de março".

Já com relação aos materiais escolares, o governo informou que "parte já foi entregue nas escolas e o restante está em fase final de licitação para contratação". A nota não menciona um prazo para a entrega desses materiais.

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2 COMENTÁRIOS

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  • Julio cesar
    10/02/2024
    Uma cidade que torrou, sim, na minha visão, torrou 30 milhões na aquisição de prédios que deveriam servir a pasta da educação, mas que não consegue manter uma escola em mínimas condições de conservação só demonstra a incapacidade de gestão não só desta, mas das legislaturas anteriores também. Lamentavelmente Bauru padece deste problema a pelo menos duas décadas. Não faltam recursos, falta planejamento e gestão.
  • Jorge Hamilton Quatrina
    10/02/2024
    Todo ponto de vista, é a vista de um ponto! Leonardo Boff