SAÚDE

UBSs em Bauru voltam a ficar sem gaze e não têm nem sequer pão aos pacientes

Problema foi constatado em diligências dos vereadores Júnior Lokadora (PP) e Estela Almagro (PT); governo garante providências

Por André Fleury Moraes | 16/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Reprodução

Vereador Júnior Lokadora (PP) durante diligência na UPA do bairro B. Vista e Estela Almagro (PT) exibe bolacha água e sal dada aos pacientes após falta de pães
Vereador Júnior Lokadora (PP) durante diligência na UPA do bairro B. Vista e Estela Almagro (PT) exibe bolacha água e sal dada aos pacientes após falta de pães

Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Bauru voltaram a ficar sem nem um pacote sequer de gaze, material utilizado para realizar curativos em pacientes. A situação foi denunciada pelo vereador Júnior Lokadora (PP) em vídeo publicado nas redes sociais após diligências em repartições públicas do município.

O parlamentar foi também ao almoxarifado da Secretaria de Saúde para averiguar se havia gaze no estoque. A constatação foi a mesma. "Vocês têm noção disso? Se precisar fazer um curativo não consegue. Isso não pode ficar desse jeito", disse o parlamentar na gravação.

Procurada, a pasta informou que trabalha para resolver o problema (leia mais).

No vídeo, o vereador ressaltou que a UPA do Mary Dota só tinha uma pequena quantidade do material porque houve uma doação. "É triste ver a situação da saúde. A falta de gazes reflete o momento que vivemos. Mas para que se importar? Está tudo bem em Bauru", registrou.

Ele também criticou a falta de aparelho Raio-X nas UPAs Mary Dota e Bela Vista. A primeira unidade está sem o aparelho há meses; a segunda, há poucas semanas.

Estes não são, porém, os únicos problemas que a pasta enfrenta. Na sexta-feira (12), a vereadora Estela Almagro (PT) descobriu que o contrato de fornecimento de pães às unidades de Saúde do município venceu e que o governo não formalizou nova negociação.

A administração, em alternativa, distribuiu bolachas água e sal aos pacientes.

"Nem para comprar pão o governo tem competência. E depois querem dizer que é mi mi mi", afirmou a parlamentar numa alusão a um vídeo publicado recentemente pela prefeita Suéllen Rosim (PSD) no qual a mandatária sugere que as críticas da oposição são "mi mi mi".

A petista ainda disse ser "desesperadora a situação a que Bauru chegou" e que "durante a semana tomaremos as medidas jurídicas e políticas para a situação que registramos". Em nota, a Saúde admitiu o término do contrato e garantiu que o problemas seria resolvido nesta segunda (leia mais logo abaixo).

Também estão zerados no almoxarifado os estoques de fralda geriátrica e copos descartáveis, segundo apurou o Jornal da Cidade.

A falta de insumos básicos nas Unidades de Saúde de Bauru não é novidade. Em março do ano passado a situação não foi diferente. Vereadores descobriram na época que essas repartições não tinham nem mesmo esparadrapo, por exemplo.

Outros itens também entram nessa lista: não havia ibuprofeno, betametasona, dimenidrinato, tiamina, clorexidina degermante, lactulose, abaixador de língua, fio de nylon, pilha, lençol de papel e lençol de TNT. O então secretário de Saúde Ezequiel Santos atribuiu o problema na época ao atraso de fornecedores na entrega desses materiais.

No mesmo mês de março, a situação chegou a tal ponto que uma carta aberta assinada por 16 vereadores da Câmara de Bauru pediu que o governo decretasse emergência na Saúde municipal. "Impera a falta de servidores nas unidades de saúde para atender a população, fato que tem ocasionado desgastes físicos e psicológicos nos funcionários que estão na linha de frente", afirmava a carta.

A administração contornou a situação e prometeu melhorias - mudanças que, na opinião da vereadora Estela, não vieram.

"O propósito do grupo que chegou a Bauru, liderado pela secretária Giulia Puttomatti, ficou claro desde o início. Não vieram focados em melhorias, mas em mexer na comissão de licitação, destitui-la, esvaziá-la", afirmou a parlamentar ao JC nesta segunda (15). Puttomatti completa um ano à frente da pasta em 10 de abril.

Saúde tira cota de pão da Educação para abastecer unidades

Em nota encaminhada à imprensa, a Prefeitura de Bauru afirma que a Saúde está utilizando temporariamente a cota de pães destinada à Secretaria de Educação. "Em razão das adequações aos procedimentos previstos na nova lei de licitação, a nova ata de registro de preços para fornecimento de pão será finalizada nos próximos dias. Passará, inclusive, por alterações para regularizar a forma de entrega das refeições diretamente aos pacientes, sem manipulação de alimentos nas unidades e em conformidade à legislação sanitária", informou a pasta. A medida não deve interferir na pasta de Nilson Ghirardello, uma vez que o ano letivo ainda não começou.

Já com relação ao Raio-X, a administração afirma que a quebra do equipamento na UPA Bela Vista ocorreu em virtude de problemas no gerador de energia do equipamento e que a peça será substituída na quarta (17).

Na UPA Mary Dota, enquanto isso, o produto será consertado hoje (16), garantiu o Palácio das Cerejeiras. "Todos os pacientes que necessitam dos exames são transportados imediatamente após o pedido do médico para as unidades mais próximas", prosseguiu. Sobre a falta de gaze, o governo disse que adquiriu o produto no final de 2023 e que aguarda a entrega.

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4 COMENTÁRIOS

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  • Marco Antonio Estevanatto
    16/01/2024
    Nos dias 01 e 02 de dezembro de 2023, meu pai, 94 anos e 8 meses, foi levado pelo Samu para a UPA Bela Vista. Chegou na emergência, por volta de 3 horas da manhã. O Médico informou que precisaria de uma tomografia, focou aguardando praticamente um dia, para conseguir uma ambulância para levar o paciente até o pronto socorro central para a realização do exame ( 10 horas da noite). A Enfermaria lotada, com limpeza inadequada, com pacientes, que na visão de um cidadão comum, não deveriam estar junto com os demais pacientes. Pior de tudo, foi ver uma funcionaria da limpeza recolhendo o lixo com as mãos e sem a luva, segurança do trabalho passou longe. Fraldas usadas da pior qualidade (pode ser problemas nas licitações), por isso, as enfermeiras ao invés de utilizar uma fralda, usavam duas, uma dobrada dentro da outra, além disso tendo que prender com esparadrapos, pois o velcros não colam (baixa qualidade). Após quase dois dias lá, um idoso de 94 anos, sem nem ao menos ter um diagnóstico de qual era o problema. Aquela pronto socorro é uma porta para céu, quando você precisa de um atendimento com urgência e mais especializados. Principalmente em idosos, os quadros de saúde se agravam com rapidez e a superlotação não ajuda. Nem entrei ainda na necessidade de transferência para os hospitais de referencia, as vezes fila de internações judiciais são grande, imagina a fila comum. Por fim, eu vi que naquele pronto atendimento, sem um diagnóstico, meu pai teria pouca chances. Como pelos exames não tinha identificado nada, solicitei se podiam dar alta, e assim foi feito. Eu sai dali com meu pai e levei para um hospital particular da cidade, com um simples raio X, pode se ver que ele estava com um embolia pulmonar muito grave e possível bronco aspiração. Isso fez a diferença entre a vida e a morte. Mas não posso deixar de ressaltar que existe naquela UPA, valorosos médico, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, funcionários da administração que tentam fazer o melhor trabalho possível. Vejo que o principal problema é de gestão da Saúde pública, descaso com os cidadão na hora que eles mais necessitam. Conclamo a prefeita e a todos os vereadores a darem mais importância a Saúde de nossos munícipes. Visitem constantemente as UPAS, cobrem qualidade, rapidez, eficiência, principalmente durante a noite e verão as mazelas que população enfrenta. Representantes do povo, façam tudo que é possível, para que aqueles que trabalham nessas unidades de saúde, tenham condições de darem o melhor atendimento aos seus pacientes. O que escrevo, não é uma critica, mas palavras que espero que sejam usadas para melhorar o atendimento de saúde a nossa população.
  • ADRIANO A S ANDRADE
    16/01/2024
    Enquanto a saúde vai de mal a pior, segundo a denúncias, a Prefeita quer gastar dinheiro fazendo reforma no calçadão da Batista com o argumento que irá trazer mais consumidores e melhorara as vendas do comércio, o que é uma ilusão, pois quem não tem renda não consome, independente da rua ficar linda. Se não tem dinheiro nem para abastecer as UBS de gases, imagina o resto...Basta ver os reparos dos buracos de péssima qualidade e com tecnologia ultrapassada para reprovarmos completamente esta atual administração que não o mínimo para manter sequer a cidade limpa.
  • Tati
    16/01/2024
    Deus nos livre de trabalhar num lugar assim! Credo Cruz!
  • Jorge Hamilton Quatrina
    16/01/2024
    Fiscalizar e delatar é a função dos \"vere\" a \"dores\" , mas , diminuir o salário de todas as classes desses políticos não néh !?! Assim sobraria dinheiro para tudo e todos os Setores de Atender a População !?! Só Por Deus !!!